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Do tamanho do Brasil

Palestrante em Curitiba, americano diz que somos o último país com natureza em escala continental e lança o desafio de preservá-la em sua atual dimensão.

Redação ((o))eco ·
18 de outubro de 2004 · 20 anos atrás

Começou o IV Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, em Curitiba. A reportagem de O Eco selecionou quatro palestras do primeiro dia do evento, cujos textos estão publicados na íntegra, em formato PDF, e disponíveis para download. O primeiro deles é de Alfred Runte, do Center for the Studies of the Environment, no qual explica por que unidades de conservação são fundamentais e aproveita para dizer que o Brasil tem, entre todos os países do mundo, talvez o maior desafio de preservação. Como único ao qual ainda resta natureza em escala continental, se quiser dar uma lição de conservação ao mundo precisará descobrir como criar um “parque” que tenha as dimensões de suas fronteiras.

Sabe que não é tarefa fácil, principalmente levando-se em conta a tradição da relação dos brasileiros com seu território e seus ecossistemas. Esse foi o tema da palestra do historiador José Augusto Pádua. Ele diz que o Brasil foi erguido com base na exploração ecológica. O problema, segundo ele, não está na racionalidade desta exploração, mas no fato de que ela perdura até os dias de hoje, alicerçada nos mesmos princípios que tinha à época em que o país era colônia – a crença de que os recursos naturais são inesgotáveis, a biodiversidade desimportante e a monocultura o melhor meio de gerar riqueza e dominar um território. As outras duas palestras foram proferidas por economistas.

Carlos Young, da UFRJ, mostra pesquisa que fez sobre relações econômicas e desmatamento na região da Mata Atlântica durante uma década e destrói o mito de que a floresta é um empecilho à geração de emprego no campo. Seu trabalho conclui que entre 1985 e 1996, apesar do desmatamento crescente, a população rural nas regiões pesquisadas não conheceu qualquer aumento na oferta de emprego. Na verdade, o número de habitantes na área rural caiu no período. Jorge Madeira Nogueira e Gustavo Souto Maior Salgado, da UnB, discutiram se teorias econômicas são compatíveis com a preservação da natureza. Concluem que é fundamental que um dia sejam, para o bem da fauna, da flora, mas também da própria economia. Sugerem um caminho, que é o de aproximar o conceito de eficiência física, mais caro aos conservacionistas, do de eficiência econômica, pelo qual rezam os economistas.

Até a quinta-feira, 21 de outubro, O Eco vai publicar todos os dias, na íntegra, as palestras mais relevantes do IV Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação à medida que forem sendo apresentadas.

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