Fernando Fernandez, biólogo e professor da UFRJ, entrevista outros dois especialistas em biologia da conservação: Claudio Valladares Padua, vice-presidente do IPÊ, e Ernesto Viveiros de Castro, chefe do Parque Nacional da Tijuca. A conversa abriu com uma troca de ideias sobre o papel da ciência versus as aplicações em conservação. Padua conta que há 20 anos vive essa questão e que deixou a academia, em parte, porque se sentia frustrado em não ver os conhecimentos disponíveis aplicados. No entanto, reconhece que não é possível para uma pessoa só tocar um programa de conservação sem prejudicar o tempo, esforço e publicações necessários para ser bem-sucedido no mundo acadêmico. “É nesse balanço entre a pesquisa científica e ação, os dois operando juntos, é que a gente tem mais chance de ter sucesso”, diz.
“Do ponto de vista das Unidades de Conservação”, continuou Castro, “esta é uma via de mão dupla, embora historicamente haja um distanciamento grande”. Castro diz que é comum gestores de áreas protegidas olharem com desdém ou desconfiança o trabalho dos pesquisadores, enquanto, por sua vez, os pesquisadores alienados dos desafios enfrentados no dia a dia da administração das áreas protegidas. Entretanto, aponta Castro, os dois lados têm um ponto em comum, o medo tanto de gestores quanto acadêmicos de manejar as unidades de conservação. “A gente vê as unidades se perderem por espécies invasoras, mudanças climáticas, crescimento urbano e outros desafios, e fica-se discutindo minúcias metodológicas. A gente tem que experimentar, isso é ciência também”.
Confira esse ótimo debate no vídeo abaixo.
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