Salada Verde

Belo Monte: Ibama autoriza consórcio a iniciar barragens

Com parecer favorável da Funai, Consórcio Norte Energia inicia obras das barragens provisórias que desviarão o curso do rio Xingu.

Redação ((o))eco ·
14 de setembro de 2012 · 13 anos atrás
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente
Obras da Usina de Belo Monte em abril de 2012. Foto: Valter Campanato/ABr
Obras da Usina de Belo Monte em abril de 2012. Foto: Valter Campanato/ABr

O Ibama autorizou o consórcio Norte Energia, responsável pela hidrelétrica de Belo Monte, a iniciar as obras das barragens provisórias que desviarão parte do fluxo do rio Xingu. A decisão está no ofício 749/2012, assinado pelo presidente do Ibama, Volney Zanardi. A autorização foi condicionada à determinação de que não haverá alteração na navegabilidade do rio, pois isso prejudicaria o seu uso pelas populações locais.

Segundo nota divulgada pelo consórcio responsável pela obra de Belo Monte, o parecer do Ibama foi dado após resposta favorável da Fundação Nacional do Índio (Funai).

A Agência Nacional de Águas (ANA) também deu parecer positivo sobre o ponto de vista da transposição de embarcações no rio Xingu, ou seja, pelo projeto da Eletronorte, a navegação do rio continuará funcionando durante as construções das ensecadeiras. Segundo Francisco Viana, o superintendente de Outorga e Fiscalização da ANA, a nota técnica emitida no dia 10 de agosto sobre o sistema de transposição de embarcações de Belo Monte mostra que o projeto está adequado. A única ressalva é sobre a falta de detalhamento técnico de parte do projeto. Ainda segundo Viana, o parecer da Agência Nacional das Águas foi visto pelo Ibama, que na decisão deu a autorização para o começo das obras.

As barragens temporárias feitas para desviar o rio, conhecida como “ensecadeira”, permitem a execução dos trabalhos em um ambiente seco. As obras dessas estruturas começaram hoje e deverão ser concluídas até março de 2013. 

Enquanto a obra segue seu próprio cronograma, a Procuradoria-Geral da República tenta mais uma vez fazer com que os indígenas sejam ouvidos. Na terça-feira (12), foi enviado parecer de mérito ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reverter a decisão do ministro Ayres Brito que, atendendo ao pedido da Advocacia-Geral da União (AGU), liberou a continuidade das obras. A 5ª turma do 1º Tribunal Regional Federal de Brasília havia autorizado a paralisação da obra do empreendimento.

Segundo o documento da Procuradoria-Geral da República enviada ao STF, tanto a consulta aos povos indígenas, quanto às medidas administrativas e legislativas que possam afetá-los, é direito reconhecido pela Constituição e pelos Tratados Internacionais dos quais o Brasil é signitário: “A consulta posterior, quando já consumado o fato sobre o qual se pretende discutir, é mera forma sem substância, incompatível com as liberdades expressivas e a gestão do próprio destino que tanto a Constituição, quanto a Convenção 169/OIT lhes asseguram”, afirma o documento entregue ao STF.
 
O mérito da decisão de parar as obras de Belo Monte precisa ainda ser julgado pelo plenário do Supremo Tribunal Federal. Enquanto não sai, as obras na usina seguem a todo vapor.

Leia também

Notícias
19 de dezembro de 2025

STF derruba Marco Temporal, mas abre nova disputa sobre o futuro das Terras Indígenas

Análise mostra que, apesar da maioria contra a tese, votos introduzem condicionantes que preocupam povos indígenas e especialistas

Análises
19 de dezembro de 2025

Setor madeireiro do Amazonas cresce à sombra do desmatamento ilegal 

Falhas na fiscalização, ausência de governança e brechas abrem caminho para que madeira de desmate entre na cadeia de produção

Reportagens
19 de dezembro de 2025

Um novo sapinho aquece debates para criação de parque nacional

Nomeado com referência ao presidente Lula, o anfíbio é a 45ª espécie de um gênero exclusivo da Mata Atlântica brasileira

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.