Foi oficializada no Diário Oficial desta segunda-feira (06), a saída de Liszt Vieira da presidência do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Vieira, que estava no comando da autarquia havia 10 anos, deixou o cargo à disposição no ano passado. No seu lugar, assume Samyra Crespo, que deixou a secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente.
A festa de despedida do ex-presidente ocorreu no dia 30, mas Liszt Vieira continuou à frente do instituto até a exoneração e nomeação do substituto ser oficializada. A troca de comando no Jardim Botânico é novela antiga e envolve o maior impasse da instituição: a construção e ocupação de 621 construções dentro da área do parque.
O caso se arrasta há vários anos. A principal voz em favor das ocupações é o deputado federal Edson Santos (PT-RJ), que já morou no local e cuja irmã é presidente da Associação de Moradores e Amigos do Horto. Mesmo com a decisão da Justiça determinando a reintegração de posse de algumas das casas, os moradores se recusam a sair.
Em uma longa entrevista a ((o))eco, concedida em 2005, Liszt Vieira resumiu os problemas fundiários dentro do Jardim Botânico: Olha, essa questão começou antes da gente nascer e talvez continue depois que a gente morrer. Começou com os antigos diretores, na primeira metade do século XX. Diretores do Jardim Botânico convidaram funcionários a morar ali, em terras da União. Os funcionários vieram, aí trouxeram a família. Os filhos casaram. A filha casou e trouxe o marido. O filho casou e trouxe a mulher. Aí tiveram netos, aí o primo, o namorado da prima… virou um bairro. Mas por ser terras públicas, não gera uso capião e é ocupação irregular. Há uns 20 anos a União entrou com várias ações de reintegração de posse contra aqueles moradores porque é ocupação irregular. Mas a verdade é que a justiça não consegue fazer valer a sua sentença judicial naquela área do Horto.
Um levantamento feito pela UFRJ contabilizou 621 casas, sendo que metade delas estão localizadas em área de risco. Há 30 anos, só havia 140 casas no local . O que comprova o rápido e recente crescimento das ocupações.
Samyra Crespo é a nova diretora
Desde abril, nome certo nos rumores sobre o novo presidente da autarquia, Crespo foi diretora do Instituto de Estudos Religião (Iser), antes de assumir a secretária de Articulação Institucional e Cidadania do Ministério do Meio Ambiente, em agosto de 2008.
Historiadora de formação, com doutorado em História Social da Educação pela Universidade de São Paulo (1989), é uma das mais importantes pesquisadoras sobre meio ambiente no país, área em que atua há mais de 20 anos. Coordenou desde 1992 a pesquisa de opinião “O que os Brasileiros Pensam do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável”, que já está em sua 5ª edição.
Leia também
A divulgação é o remédio
Na década de 1940, a farmacêutica Roche editou as Coleções Artísticas Roche, 210 prospectos com gravuras e textos de divulgação científica que acompanhavam os informes publicitários da marca →
Entrevista: ‘É do interesse da China apoiar os planos ambientais do Brasil’
Brasil pode ampliar a cooperação com a China para impulsionar sustentabilidade na diplomacia global, afirma Maiara Folly, da Plataforma CIPÓ →
Área de infraestrutura quer em janeiro a licença para explodir Pedral do Lourenço
Indígenas, quilombolas, ribeirinhos, peixes endêmicos e ameaçados de extinção serão afetadas pela obra, ligada à hidrovia exportadora →