Há 20 anos, um grupo de pesquisadores liderados pela pesquisadora Samyra Crespo foi a campo pela primeira vez para traçar o percepção dos brasileiros sobre o meio ambiente. Ontem (16), a 5ª edição da pesquisa foi divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). A comparação dos resultados ao longo do tempo mostra que a preocupação ambiental está crescendo. Sim, o brasileiro se preocupa com o meio ambiente.
Na primeira edição da pesquisa, em 1992, o tema meio ambiente não figurava entre os 10 principais problemas do país. Esse ano entrou, pela primeira vez, na lista dos 10 maiores problemas na opinião dos brasileiros. Está em sexto lugar, atrás de, nesta ordem, saúde, violência, desemprego, educação e qualidade dos políticos. O número de pessoas que apontaram que o meio ambiente é o principal problema do Brasil dobrou de 6% (em 2006) para 13%.
Descentralização
Entre 1992 e 2012, aumentou o número dos que acham que a responsabilidade pelo meio ambiente é de governos municipais. Aqueles que acreditavam que este era um problema Ao longo dos últimos 20 anos, aumentou a parcela de quem considera o meio ambiente um problema regional ou local. O percentual de daqueles que colocam a maior responsabilidade sobre os governos estaduais (em vez do governo federal) quase dobrou, subindo de 33% para 61%. Aqueles que concentram a responsabilidade nas prefeituras subiram de 30% para 54%.
Desenvolvimento: não a qualquer custo
Foi sistemático o crescimento dos que se opõem ao progresso econômico à custa da exploração insustentável dos recursos naturais. Nessa pesquisa, ele chegou a impressionantes 82% da população. Nas edições anteriores este quesito mantém os mesmos percentuais impressionantes: 67% em 1997, 72% em 2001 e 75% em 2006.
Perguntados sobre a melhor razão para sentir orgulho de ser brasileiro, 28% apontaram a natureza como causa desse sentimento.
O desmatamento continua a ser a maior preocupação. Em 92, na primeira pesquisa, 47% o consideravam o pior problema. Nos números divulgados ontem, o percentual subiu para 67%. Em seguida, veio a poluição de rios e lagos e outras fontes de água, com 38,5%.
Sacolinhas e lixo
Dos pesquisados, 85% estão dispostos a aderir à campanha de redução do uso de sacolas plásticas. Onde há campanha, 76% aderiram.
A preocupação com o lixo galgou posições no ranking dos desafios ambientais. Coleta, seleção e destino preocupavam 4% das pessoas entrevistadas em 1992. Hoje, o número saltou para 28%.
Nas regiões Sul e Sudeste, 48% afirmaram que fazem a separação dos resíduos nas residências. “Muitas vezes a disposição da população não encontra acolhimento de politicas públicas. Muitas vezes o cidadão separa em casa e a coleta do lixo vai e mistura os resíduos”, afirmou Samyra Crespo, durante a coletiva de imprensa desta quinta-feira. Ela é secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do MMA e coordenadora do estudo desde a sua primeira edição.
O levantamento foi feito pelo CP2 pesquisas entre os dias 15 e 30 de abril. Foram entrevistadas 2.201 pessoas com idades a partir de 16 anos, residentes em áreas urbanas e rurais em todas as regiões do país.
O relatório da pesquisa, com 74 páginas, pode ser lido na íntegra aqui.
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