Salada Verde

Rio Grande do Norte: indústria do camarão manobra, mas perde

Carcinicultores tentaram através da Justiça evitar que 1.000 hectares de mangue degradados pela atividade fossem recuperados

Daniele Bragança ·
14 de junho de 2015 · 10 anos atrás
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente
Criadores de camarão terão que recompor mangues degradados. Foto: Wikipédia.

Uma disputa entre representantes dos produtores de camarão e órgãos ambientais no Rio Grande do Norte terminou na 4ª Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região. Eles defenderam na Justiça que a produção de camarão fosse definida como atividade agrossilvipastoril, o que eximiria a categoria da obrigação de recuperar por completo as áreas degradadas pela carcinicultura.

Uma atividade agrossilvipastoril utiliza espécies florestais, agrícolas e/ou criação de animais de forma simultânea em uma mesma área. Este não é o caso da criação de camarões em viveiros, mas ainda assim os representantes dos carcinicultores tentaram convencer a Justiça que sim. Caso vencessem a causa, os produtores não precisariam recuperar cerca de mil hectares de mangue, segundo cálculos do Ibama.

Uma decisão favorável aos produtores abriria brecha para mais ações em todo o país, com base nos artigos 61-A e 61-B da Lei 12.651/2012 (Código Florestal). Em comparação à legislação anterior, o Código reduziu a obrigação de recomposição para proprietários que desenvolviam atividades agrossilvipastoris nas Áreas de Preservação Permanente até 22 de julho de 2008. Quanto menor for a propriedade rural, menor é o tamanho da área que deverá ser recomposta.

Os carcinicultores não poderão recorrer da decisão.

 

Saiba Mais
Íntregra da decisão – 4º Turma –  Tribunal Regional Federal da 5ª Região.

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O que é uma Área de Preservação Permanente

 

 

 

  • Daniele Bragança

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

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