Nesta segunda-feira (13) ensolarada, as praias cariocas receberam a visita inesperada de um mamífero aquático, ao que tudo indica um jovem elefante-marinho. O animal nadou na parte rasa da praia de Ipanema e próximo ao Arpoador, bem perto da areia e de banhistas que estavam no local – mesmo com a proibição da prefeitura e sob risco de multa.
Guardas municipais do Grupamento Especial de Praia e Marítimo (GPM) flagraram um leão marinho nadando próximo à Pedra do Arpoador na manhã desta segunda-feira, dia 13, e registraram as imagens do animal, que chamou atenção de surfistas. pic.twitter.com/1wLjKTSZEG
— Guarda Municipal Rio (@GMRio) July 13, 2020
O pesquisador do Laboratório de Mamíferos Aquáticos (Maqua) da faculdade de Oceanografia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), José Lailson Brito, confirma que aparentemente se trata de um elefante-marinho-do sul (Mirounga leonina) juvenil, mas que pelas imagens é difícil fazer uma identificação totalmente precisa, e que poderia se tratar de uma foca caranguejeira (Lobodon carcinophagus). Ambas as espécies são comuns nas regiões polares da Antártica e não tem na orla carioca um dos seus habitats usuais. Ainda assim, segundo o pesquisador, não é de todo incomum um indivíduo se desgarrar do grupo, normalmente um jovem, e vir parar perto da praia em busca de um local para descansar.
“Nessa virada de outono – primavera é comum que apareçam esses pinípedes [mamíferos marinhos que alternam suas vidas entre os ambientes terrestre e aquático], que incluem a família das focas, da qual fazem parte o elefante-marinho e a foca caranguejeira. Aqui não é o habitat deles. A foca caranguejeira vive na região Antártica, ou seja, no sul polar, e o elefante-marinho também vive nessas zonas, mas tem uma colônia na Patagônia, no sul da América do Sul. Aqui não é a casa deles, não tem colônia reprodutiva deles, nem área de alimentação, mas a gente tem vários registros dessas espécies no litoral do Rio. Não é de todo incomum que eles apareçam aqui”, explica José Lailson.
“Um animal ou outro acaba desgarrando, quase sempre são animais jovens que vêm para cá. Pelo tamanho, se for um elefante-marinho mesmo, ele não deve ter nem 2 anos de idade. O que acontece quase sempre com esses animais é que eles chegam aqui muito exaustos, debilitados, e vão para as praias e para as pedras para descansar”, acrescenta.
O oceanógrafo alerta que ambas as espécies são territorialistas e que a conduta adequada é não se aproximar do animal. “Não é legal chegar perto e não é aconselhável de forma alguma as pessoas tentarem tocar, porque o animal pode morder e é um carnívoro de grande porte, uma mordida de um animal desses é potente. As pessoas têm que deixar o animal descansar. O isolamento é melhor pro animal e dá segurança para população”, reforça.
De acordo com o pesquisador, a equipe do Laboratório orienta que as pessoas notifiquem o Maqua, que envia uma equipe de veterinários para fazer a avaliação do animal, verificar sua condição de saúde, e garantir o isolamento. A equipe foi avisada sobre o visitante inusitado da orla nesta manhã, mas ao chegar ao local o animal já havia nadado para longe da praia e sumiu de vista. “Provavelmente ele parou em algum lugar para descansar. Normalmente eles buscam locais mais isolados, como costões rochosos”.
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