Após uma enxurrada de críticas, principalmente de representantes do setor rural, o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), admitiu hoje (01), em entrevista para TVs católicas, que talvez mantenha os ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura separados.
“Pelo que tudo indica, serão dois ministérios distintos”, disse.
As cartas na mesa são as mesmas da campanha. Com um discurso que considera o meio ambiente um entrave para a economia, Bolsonaro até pode aceitar manter o ministério, desde que o comando seja dado para alguém não “xiita”.
“O Brasil é o país que mais protege o meio ambiente. Nós pretendemos proteger o meio ambiente, sim, mas não criar dificuldades para o nosso progresso”, afirmou. “Mas uma pessoa voltada para proteger o meio ambiente sem o caráter xiita, como foi em outros governos”.
Desde o anúncio, na terça-feira (30), sobre a fusão dos ministérios, ministros, ex-ministros e representantes dos setores ambientais e rurais se pronunciaram contra a proposta.
O atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou que a proposta “trará prejuízos ao agronegócio brasileiro, muito cobrado pelos países da Europa pela preservação do meio ambiente”.
Até o senador Ronaldo Caiado (DEM), eleito governador de Goiás, considera a ideia equivocada.
A ex-ministra da Agricultura no governo Dilma e ex-líder dos Ruralistas no Senado, Kátia Abreu, afirmou, em vídeo, que a fusão parte de um pressuposto equivocado de que as funções do ministério do Meio Ambiente são apenas de regular a Agricultura. A ex-ministra também afirmou que o excesso de atribuições das duas pastas sobrecarregará o novo ministro. “Em time que está ganhando não se mexe”, disse.
A escolha dos membros do novo governo ainda está em andamento. Até a apresentação de todos os ministros e do novo modelo da estrutura ministerial, tudo pode mudar.
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