Salada Verde

Estados apoiam versão ruralista da nova lei do licenciamento

Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (Adema) publica carta aberta em apoio ao substitutivo do projeto do licenciamento “flex”

Daniele Bragança ·
3 de maio de 2017 · 8 anos atrás
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente
Foto: Lúcio Bernardo Junior/Câmara dos Deputados.
O deputado Mauro Pereira (PMDB-RS), em reunião em outubro de 2016. Foto: Lúcio Bernardo Junior/Câmara dos Deputados.

Até então calada no debate sobre as mudanças no licenciamento ambiental, a Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (Adema) divulgou nota afirmando que apoia o último texto do Projeto de Lei nº 3.729/2004, sobre a nova lei do licenciamento da versão dos ruralistas, que libera desde a mineração em unidades de conservação até o asfaltamento de estradas na Amazônia.

Relatado pelo deputado ruralista Mauro Pereira (PMDB-RS), a sétima versão do texto é apoiado pelo agronegócio, por representantes da indústria e por parte do próprio governo Temer, que ignorou o texto da lei geral de licenciamento, que estava sendo elaborada pelo Ministério do Meio Ambiente, e preferiu apoiar a versão mais flexível vindo do Congresso. Segundo a Adema, o texto do relator “incorporou proposições defendidas pela Abema e, recentemente, foi formalizada ao relator, as complementações sugeridas pelas autoridades licenciadoras associadas”. Desde 2013, o CONAMA discutia mudanças na lei do licenciamento e coube à Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (Abema), que reúne as secretarias estaduais de meio ambiente, a liderança desse processo.

Os pontos que a Abema apoia são: a autonomia dos estados e o equilíbrio federativo, a exclusão de conceitos e critérios subjetivos, a exclusão de sobreposição de competências, estabelecendo que o processo de licenciamento seja previsível, ágil, desburocratizado, com análise técnica isenta e prazos de validade das licenças uniformes. “Destacamos também a importância de manter o que dispõe a LC 140 quanto aos critérios de porte e localização para os empreendimentos e atividades, excluindo definitivamente o grau de relevância ambiental e a matriz baseada no potencial de degradação ambiental”, afirma a nota.

A autonomia dos estados que a nota se refere e que o texto da Câmara prevê é deixar para os Estados e municípios a definição das atividades que precisarão de licenciamento rigoroso. O objetivo é criar o equivalente ambiental à guerra fiscal, com Estados flexibilizando os critérios de licenciamento para atrair mais empreendimentos.

O projeto de licenciamento flex está para ser votado na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara.

 

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  • Daniele Bragança

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

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Comentários 1

  1. paulo diz:

    Claro que apoiam. Não precisaram, eles (estados) fazer os licenciamentos. Além de que estando tudo solto/frouxo , vai rolar umas gordas propinas.