Aos gritos de “vou matar índio, vou matar mesmo”, um homem ainda não identificado invadiu esta semana a Aldeia Rio Pequeno, em Paraty (RJ). O caso não é isolado. Em 2018, o indígena João Mendonça Martins foi assassinado no local. As agressões, todavia, vêm desde os anos 1960.
Hoje vivem cerca de 40 pessoas da etnia Guarani na aldeia. A Mata Atlântica é preservada em seus 8 hectares, ainda alvo de invasões e desmates ilegais, diz o jornal O Dia. As agressões buscam expulsá-los da Terra Indígena Tekoha Jevy, cuja demarcação não foi concluída e pode abarcar 2,3 mil hectares.
O território é visado por empreendimentos turísticos e pelo agronegócio. Parte é sobreposta ao Parque Nacional da Serra da Bocaina. Na língua guarani, “tekoha jevy” significa “a terra que está de volta”.
O risco de novos crimes levou o Ministério Público Federal (MPF) a mover uma ação civil pública para que o Estado do Rio de Janeiro, a União e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) contenham a escalada de agressões e garantam a segurança daquela população.“A falta de coordenação tem levado a Funai, a Polícia Federal e a Polícia Militar a ações ineficientes na terra indígena. Isso não só atrasa a resolução de problemas, mas causa confusão nas lideranças daquela comunidade, que não sabem a quem recorrer”, destaca em nota do MPF o autor da ação, o procurador da República Aldo de Campos Costa.
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