As áreas desmatadas ou convertidas à pecuária cresceram 60% de 2016 a 2020, de 590 mil ha para 948,7 mil ha. Nos mesmos 5 anos, a cobertura de pastos diminuiu de 164 milhões de ha para 162,5 milhões de ha, e a produção de carne bovina caiu de 10,2 milhões de toneladas para 9,8 milhões de toneladas.
A expansão de uma pecuária improdutiva voltada à especulação de terras pode explicar essa tendência, “aparentemente contraditória”, traz uma análise publicada esta semana pela iniciativa Trase, que fomenta mais transparência e sustentabilidade à agropecuária.
“Isso indica que a pecuária, seja para a produção de carne bovina, seja para a especulação fundiária, continua a ser o principal motor do desmatamento e da conversão”, diz o estudo. Isso ocorre sobretudo na Amazônia e no Cerrado, apesar de frigoríficos se comprometerem com desmate zero.
O levantamento apontou igualmente que 95% da conversão e do desmatamento para pecuária se concentraram em 388 municípios produtores de gado, em 2020. Eles representam pouco mais de 11% das 3.386 municipalidades com essa atividade no país.
Os mesmos 388 municípios respondem por 42% da produção nacional e por 52% das exportações. A Trase pondera que priorizar a rastreabilidade de bezerros nessas localidades pode facilitar acordos comerciais que exigem compras livres de desmate, como com a União Europeia.
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Impressionante. Quanto mais sabemos sobre as drásticas consequências do desmatamento para o país e para o mundo, mais agimos em contrariedade às factíveis mudanças que possibilitariam ao menos amenizar a grave e problematica condição ambiental no Brasil. No contexto em que nos encontramos, não termos um monitoramento eficaz e bem consolidado de rastreabilidade de bezerros para assegurar compras livres do desmatamento, beira à loucura.