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Quentinhas do Clima #7 – COP na COPA?

Conferência do Clima, prevista para terminar nesta sexta (18), deve ser prolongada devido a impasse nas negociações sobre mecanismo de financiamento internacional para perdas e danos

Cristiane Prizibisczki ·
18 de novembro de 2022 · 1 anos atrás
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Hoje, sexta-feira (18), seria o último dia da Conferência da ONU sobre o Clima, que vem sendo realizada em Sharm-el-Sheikh, no Egito, desde o último dia 6. Entretanto, a falta de consenso entre os países nos tópicos mais relevantes em discussão vai estender o evento pelos próximos dias e a expectativa é que ele termine sem muitas novidades na política global de combate às mudanças climáticas.

Neste ano, 30 tópicos estão na agenda de discussões, sendo que um dos principais é a criação de um mecanismo de financiamento internacional para Perdas e Danos. O conceito é usado para expressar a situação em que um país não consegue mais se adaptar às mudanças climáticas ou sofreu impactos de eventos extremos, e pede reparação financeira para poder se reconstruir.

Três ideias principais estão sobre a mesa: 1) a criação de um fundo no qual os países ricos, maiores responsáveis pelas emissões historicamente, depositariam recursos a serem destinados aos países afetados por meio de doações; 2) a criação de um mecanismo que funcionaria nos moldes de um seguro contra tragédias climáticas; 3) um mosaico de vários tipos de financiamento.

As discussões têm dois principais obstáculos. Os Estados Unidos, que refutam a ideia de um fundo baseado nos aportes só de países já desenvolvidos – eles querem que todos os grandes emissores entrem no jogo, incluindo a China. E os países mais vulneráveis, que refutam qualquer mecanismo que não seja baseado em doações.

Até o final da tarde desta sexta, não havia consenso sobre o tópico, que pode travar o andamento de todos os outros assuntos da agenda.

De acordo com levantamento divulgado pela presidência da ONU, nos 27 anos de Conferência, em apenas dois elas de fato terminaram na sexta. A maioria terminou no sábado e três delas se estenderam até o domingo. Se as discussões continuarem no ritmo em que estão, é possível que o próximo grande evento mundial, a Copa do Mundo, que será realizada no Qatar, comece antes de a COP terminar.

Turismo no Egito

Mesmo com as negociações ainda em andamento, o ministro de Meio Ambiente do Brasil, Joaquim Leite, aproveitou os últimos dias do evento para fazer turismo no Egito: ele foi flagrado na manhã desta sexta-feira no principal cais de Sharm-el-Sheikh, preparando-se para um passeio de barco que inclui snorkel e mergulho nos corais do Mar Vermelho. O passeio dura o dia todo.

A presença de ministros e enviados do Clima na COP é importante porque são eles que ajudam a bater o martelo sobre tópicos polêmicos, ajudando a destravar as negociações.

Menção Desonrosa

O Brasil foi condecorado com a Menção Desonrosa no Prêmio Fóssil do Ano, uma anti-premiação dada anualmente pela rede de não governamentais ligadas ao meio ambiente, a Climate Action Network (CAN).

Segundo a organização, o Brasil merece a menção pela desastrosa política ambiental adotada por Bolsonaro nos últimos quatro anos e pelo comportamento durante as negociações deste ano.

A organização explica que o país merece uma desonrosa menção porque ficou “incaracteristicamente mudo nas negociações desta COP27 e passou os últimos quatro anos tentando implodir o Acordo de Paris enquanto violava direitos humanos e ambientais”.

Ao longo das COPs, e principalmente nos últimos quatro anos, o Brasil tem aparecido nas listas da CAN por suas atitudes anti-ambientais.

Esta reportagem foi produzida como parte do Climate Change Media Partnership 2022, uma bolsa de jornalismo promovida pela Internews´ Earth Journalism Network e pelo Stanley Center for Peace and Security.

  • Cristiane Prizibisczki

    Cristiane Prizibisczki é Alumni do Wolfson College – Universidade de Cambridge (Reino Unido), onde participou do Press Fellow...

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