Salada Verde

Rio Motorsports agora diz que vai desmatar apenas metade da Floresta do Camboatá

Consórcio que quer criar novo autódromo do Rio enviou carta de intenções ao Inea abrindo mão de área onde construiria prédios. Espaço será usado para “preservação ambiental”

Daniele Bragança ·
21 de agosto de 2020 · 4 anos atrás
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente
Localizada no bairro de Deodoro, a Floresta do Camboatá possui uma área aproximada de 194 hectares. Foto: Marcio Isensee e Sá.

A Rio Motorsports, o consórcio que quer construir um novo autódromo do Rio de Janeiro e escolheu como local a única opção que tem Mata Atlântica para desmatar, apresentou nesta sexta-feira (21) uma carta de intenções à Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade do Rio abrindo mão de 41% da área, que ao invés de ser usada para empreendimento imobiliário será usado para… a preservação ambiental. Para o empreendedor, a carta de intenções minimiza o desgaste após a popularização da campanha que quer preservar Camboatá, um dos últimos remanescente de Mata Atlântica de terras baixas da capital do Rio.

Segundo comunicado divulgado pela assessoria do grupo, o empreendimento promete utilizar 810 mil metros quadrados do terreno como “espaço de preservação ambiental” (o restante terá uma pista de autódromo, oficina e arquibancada). E “sugere que o espaço seja reservado para desenvolvimento de projetos ambientais como de manutenção do patrimônio biótico, Centro de Estudos em Interpretação Ambiental, implantação de um Centro de Recuperação de Animais Silvestres – CRAS, implantação de uma Área de Soltura de Animais Silvestres – ASAS, horto florestal e arboreto. A empresa propõe, ainda, que tais medidas sejam incluídas como condicionantes da licença a ser expedida pelo INEA”, disse a Rio Motorsports.

“Esse tipo de manifestação soa para a gente apenas como uma tentativa desesperada de esverdear um projeto absurdo que pretende desmatar uma área de Mata Atlântica importantíssima e que abriga espécies ameaçadas de extinção. Não alterar em nada nossa opinião sobre o empreendimento. Não altera em nada a nossa opinião sobre os inadmissíveis impactos ambientais que esse autódromo geraria se fosse construído na área da floresta do Camboatá”, diz o engenheiro florestal Beto Mesquita, que também participa do movimento SOS Floresta do Camboatá (veja a nota divulgada pelo movimento). “Eles não alteram em absolutamente nada o projeto do autódromo, ou seja, considerando que cerca de 20% da área total do Camboatá não tem floresta, mas que o autódromo se concentra justamente na porção mais florestada, como o próprio EIA-RIMA assume, pelo menos 73% da área florestal seriam desmatadas para a instalação do autódromo. Isso, se ele viesse voando e aterrizasse na vertical sobre a área”, acrescenta Mesquita. (Daniele Bragança)

 

*Editado às 19h02, do dia 21/08/2020, para acrescentar mais uma fala do engenheiro florestal Beto Mesquita.  

 

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  • Daniele Bragança

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

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Comentários 4

  1. Vera Lúcia Barbosa diz:

    TEM QUE FAZER UM ABAIXO ASSINADO PRA IMPEDIR ESSA IDIOTICE DESSE PREFEITO SEM NOÇÃO, NÓS PRECISAMOS DE ÁREAS VERDE E ESSE IMBECIL QUER DESTRUIR


  2. sousa santos diz:

    O certo era transformar os tais autodromos em floresta novamente.
    #SOSFlorestaDoCamboata


  3. Dejanira A. Silva diz:

    Nada mudou, o movimento SOS FLORESTA DO CAMBOATÁ ,Não abre mão da preservação da floresta , ela não tem opção o autódromo tem .


  4. Marina Bernardes diz:

    Rio Motors, vá construir o autódromo em outro lugar!!!