Salada Verde

STF retoma julgamento do Marco Temporal e reacende disputa sobre terras indígenas

Corte analisará no plenário virtual, entre 5 e 15 de dezembro, ações que contestam ou defendem a tese que restringe demarcações

Karina Pinheiro ·
1 de dezembro de 2025
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente

O Supremo Tribunal Federal (STF) inicia, no dia 5 de dezembro, uma nova etapa do julgamento que discute a validade do Marco Temporal para a demarcação de terras indígenas. A análise será realizada no plenário virtual da Corte, com prazo para votos até 15 de dezembro. A data foi definida após o relator, ministro Gilmar Mendes, liberar as ações para julgamento, reacendendo o debate de um dos temas mais sensíveis da agenda socioambiental brasileira.

O julgamento avaliará o texto final aprovado por uma comissão especial do Congresso que discutiu alterações legislativas sobre o tema. A movimentação ocorre um ano depois da derrubada, pelo Legislativo, do veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao projeto que restabeleceu a tese do Marco Temporal, entendimento segundo o qual povos indígenas só teriam direito às terras ocupadas em 5 de outubro de 1988, ou que estivessem em disputa judicial nesta data. Em setembro de 2023, o próprio STF havia declarado essa tese inconstitucional.

Apesar da decisão anterior da Corte, partidos como PL, PP e Republicanos acionaram novamente o Supremo para tentar garantir a validade do Marco Temporal. Já organizações indígenas e partidos da base governista recorreram na direção oposta, buscando a reafirmação da inconstitucionalidade. O resultado desse novo julgamento deverá definir se a tese volta ou não a orientar políticas de regularização fundiária, um ponto que pode alterar drasticamente o futuro de dezenas de processos de demarcação.

  • Karina Pinheiro

    Jornalista formada pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), possui interesse na área científica e ambiental, com experiência na área há mais de 2 anos.

Leia também

Reportagens
19 de fevereiro de 2025

Para substituir Marco Temporal, Gilmar Mendes propõe mineração em terras indígenas até contra vontade dos povos

Minuta encaminhada à comissão que discute a tese no STF também prevê obrigação de indenização pelo valor da terra nua a não-indígenas, indo além do que propõe o texto original

Reportagens
17 de fevereiro de 2025

Gilmar Mendes propõe liberar mineração em terras indígenas, acolhendo sugestão de advogado da Potássio do Brasil

Em decisão individual na mesa de conciliação do marco temporal, o ministro acolheu sugestão do advogado da mineradora para permitir a exploração de minerais estratégicos em terras indígenas em caso de “relevante interesse público da União"

Notícias
15 de outubro de 2024

Apib se distancia de novos representantes indígenas da comissão do Marco Temporal no STF

Organização afirma, em nota, que nomes escolhidos pelo Ministério dos Povos Indígenas não representarão o movimento indígena; as trocas foram determinadas pelo ministro Gilmar Mendes

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.