Manlio Roca é secretário de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Departamento Boliviano de Santa Cruz, a região mais afetada no país pelo desmatamento nos últimos dez anos. Ele se confessa preocupado pelos resultados apresentados pelo Atlas Amazônia sob Pressão, que confirmam o que já se temia, e adverte sobre a continuação da devastação amazônica na Bolívia e no continente com a realização de grandes obras de infraestruturas na região.
De acordo com o Atlas, cerca de 5% da cobertura florestal amazônica foi perdida entre 2000 e 2010, que significam 240 mil km2 de floresta. Frente a este número, Manlio explica em conversa com a nossa reportagem que “a perda de 5% não significa que os outros 95% do ecossistema estão em boas condições”, mas que já estão afetados por grandes ameaças e pressões como as apresentadas e descritas no estudo, o que poderia levar à Amazônia a uma maior fragmentação e perda de florestas.
E um dos maiores promotores destas ameaças e pressões é a Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA), que de novo se mostra como um conjunto de atividades que “não são pensadas nem desenhadas levando em conta a importância dos impactos ambientais e sociais que causam”, explica Manlio, o que se evidencia nos resultados do Atlas da RAISG: quase 100 mil km de estradas, 1.5 milhões de km2 da Amazônia com atividades de mineração, mais de 400 hidrelétricas, são alguns dos assustadores dados apresentados pelo Atlas Amazônia sob Pressão.
Para Manlio Roca, esta “perda de 5% da cobertura florestal mostra muito mais impacto na biodiversidade da Amazônia”, evidencia também o atropelo aos direitos humanos, a violência contra os habitantes da Amazônia, além de converter-se em promotor da destruição da pouca Amazônia que ainda existe.
Amazônia Socioambiental
Atlas Amazônia sob Pressão: 240 mil km2 desmatados em 10 anos
Desmatamentos e queimadas crescem na Amazônia boliviana
Leia também
STF derruba Marco Temporal, mas abre nova disputa sobre o futuro das Terras Indígenas
Análise mostra que, apesar da maioria contra a tese, votos introduzem condicionantes que preocupam povos indígenas e especialistas →
Setor madeireiro do Amazonas cresce à sombra do desmatamento ilegal
Falhas na fiscalização, ausência de governança e brechas abrem caminho para que madeira de desmate entre na cadeia de produção →
Um novo sapinho aquece debates para criação de parque nacional
Nomeado com referência ao presidente Lula, o anfíbio é a 45ª espécie de um gênero exclusivo da Mata Atlântica brasileira →




