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MPF pede com urgência nova vistoria de girafas importadas pelo BioParque

Requisição foi feita ao Inea-RJ para verificar condições de saúde, acomodação e bem-estar dos animais, que permanecem em resort em Mangaratiba

Duda Menegassi ·
12 de maio de 2022 · 2 anos atrás

O Ministério Público Federal (MPF) oficiou o Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro (Inea-RJ) a realizar, com urgência, uma nova vistoria para verificar as atuais condições de saúde, bem-estar e acomodação das girafas importadas da África do Sul pelo BioParque. Os animais são mantidos no Portobello Resort & Safári, em Mangaratiba, no litoral sul do estado do Rio. O MPF apura as circunstâncias da importação das 18 girafas – das quais três vieram a óbito em dezembro – e possíveis maus-tratos, assim como as causas da morte dos animais.

O MPF já havia requisitado à Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) a apresentação de relatório acerca das condições do abrigo, em termos de espaço, alimentação, atendimento veterinário e eventuais alternativas sobre o destino final dos animais. O relatório técnico parcial dos especialistas da universidade apontou algumas inadequações que deveriam ser corrigidas. De acordo com esclarecimentos prestados pela RioZoo para o MPF, a execução do projeto da área de manejo dos animais foi concluída e estava apta para utilização, e que os animais voltaram a usar a área externa desde 18 de fevereiro – acesso que havia sido vetado desde dezembro, quando ocorreu o incidente que resultou na morte de três girafas.

A empresa informou ainda que demais obras de reforço estrutural e de construção de demais áreas de manejo estão em etapa de finalização. O laudo conclusivo da Comissão Técnica da UFRRJ acionada pelo MPF ainda não foi apresentado.

Recinto em que a PF encontrou as girafas apreendidas. Foto: Polícia Federal/Divulgação

Relembre

Em novembro de 2021, chegaram ao Rio de Janeiro 18 girafas, importadas pela empresa Cataratas do Iguaçu S.A. de uma fazenda na África do Sul. Do aeroporto, os animais seguiram para Mangaratiba, onde havia o recinto adequado para quarentena das girafas – parte do protocolo sanitário obrigatório. Parte dos animais iria para o BioParque (zoológico do Rio, gerido pelo Grupo Cataratas), outra ficaria no próprio jardim zoológico do Hotel Portobello Safári e uma terceira parte seguiria para Santa Catarina, para o Zoo Pomerode.

No mês seguinte, entretanto, um incidente na área externa do recinto resultou na morte de três das girafas e no confinamento das demais, e chamou a atenção da mídia e da sociedade para as condições dos animais. 

Em janeiro deste ano, uma ação da Polícia Federal em conjunto com o Ibama apreendeu as 15 girafas remanescentes e instaurou inquérito para investigar a ocorrência de maus-tratos. Desde então, as girafas seguem no resort em Mangaratiba, sob responsabilidade do Ibama.

Além da apuração conduzida pelo MPF e do inquérito policial, tramita também na esfera estadual uma ação civil pública movida pelo Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal junto com a Agência de Notícias de Direitos Animais (Anda). 

Em fevereiro, um parecer do Ibama apontou a legalidade dos trâmites referentes à importação das 18 girafas

  • Duda Menegassi

    Jornalista ambiental especializada em unidades de conservação, montanhismo e divulgação científica.

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