Em um país que desde 1988 já desmatou o equivalente a quase 50 milhões de campos de futebol só na Amazônia, não é difícil imaginar o quão pior seria a devastação se 18% do território brasileiro não estivesse protegido por Unidades de Conservação. Em Rondônia, um dos estados da região mais afetados pelo desmatamento, o Parque Nacional de Pacaás Novos é um desses guardiões da floresta.
Colhidas pelos satélites do programa Landsat, duas imagens mostram o efeito de quase 40 anos de desmatamento na Amazônia. A primeira, acima, retrata Rondônia em 1972, quando menos de 2% de suas florestas haviam sido derrubadas. A segunda é do ano de 2009, quando praticamente um terço de suas árvores já não existiam mais. Enquanto isso, Pacaás Novos perdeu apenas 0,17 % de sua floresta.
A animação a seguir permite acompanhar a evolução do desmatamento e ver como a abertura de estradas abriu caminhos para que a vegetação fosse posta abaixo. Os anos passam e as imagens mostram o avanço do estrago. Do lado esquerdo, porém, aparece a grande área verde do Parque Nacional de Pacaás Novos.
Uma das maiores Unidades de Conservação em Rondônia, com 708,6 mil hectares, o parque abrange os municípios de Presidente Médice, Costa Marques, Guajará-Mirim, Porto Velho, Jaru e Ouro Preto do Oeste. Ele preserva uma vegetação representativa de transição entre o Cerrado e a Floresta Amazônica, onde podem ser encontradas espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção, como a onça-pintada (Phantera onca), o Tatu-canastra (Priodontes maximus) e a harpia (Harpia harpyja). Além disso, engloba pontos de grande beleza cênica da região, como o Pico do Tracoá, ponto mais alto do estado, com 1.230 metros de altitude.
Na imagem a seguir, é gritante o contraste entre a quantidade de cobertura florestal do parque e as terras privadas em seu entorno.
Mesmo assim, Pacaás Novos precisa lutar para manter sua floresta de pé. Ele sofre com incêndios iniciados no seu entorno provocados para abrir roças de subsistência e renovação de pastagens. O pior período é entre os meses de agosto e setembro, que concentram mais de 75% dos focos de indêndio na área da unidade.
Pacaás Novos foi criado em 1979 para deter a ocupação acelerada da nova fronteira agrícola que avançava na direção de Rondônia. Apesar de suas dificuldades, deu certo.
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Eu morei em em são miguel por anos e nunca fui ver de perto esse parque. É uma coisa tão próxima de mim e ninguém nunca fala sobre isso por aqui. A gente vive num lugar tão maravilhoso e nem sabe! Não é uma das prioridades dos gestores públicas preservar as florestas.
O pior é que o Paulo tem razão. Ainda criaram a cultura local de dizer que índio é preguiçoso e é uma raça miserável que deveria acabar. O argumento deles é sempre o mesmo. Esses índios não são índios nada. Querem terra pra quê?