Brasília (DF) – Com dezoito anos recém completados, a Floresta Nacional (Flona) de Brasília, em Taguatinga (DF), ganhou sinalização em 46 quilômetros de estradas de terra e trilhas (single tracks). Na área protegida, o trecho pode ser percorrido de forma completa ou em distâncias menores, de bicicleta ou a pé e durante todo o ano, sempre que a área estiver com os portões abertos ao público. Por volta de 1.400 pessoas de várias tribos estiveram no lançamento da sinalização, no último sábado (10).
“A iniciativa pioneira democratiza o acesso às trilhas, possibilita um melhor aproveitamento da área (da Flona) e incentiva o uso da bicicleta. A sinalização avança agora para outras regiões no DF, como a Serrinha do Lago Paranoá e o Parque Nacional de Brasília, com apoio de entidades públicas e da sociedade civil”, disse Márcio Bittencourt, coordenador do Rebas do Cerrado.
O grupo de ciclismo é um dos mais tradicionais da região e promete acrescentar o Circuito Flona a seu calendário de trilhas, a partir do fim deste mês.
Definição de rotas, instalação de placas e setas e a elaboração de mapas impressos e eletrônicos para a sinalização da Flona de Brasília exigiram três meses de trabalho, de servidores públicos e de voluntários. A expectativa é de que esses últimos apoiem a manutenção dos trechos demarcados.
“Acredito que os frequentadores ajudarão a manter placas e toda a estrutura de sinalização, pois é uma melhoria para os próprios usuários”, disse um dos mais antigos frequentadores da Floresta Nacional de Brasília, o ciclista Wesley Bernardes da Silva.
O Circuito Flona e outras rotas espalhadas nos mais de nove mil hectares da unidade de conservação já eram aproveitadas por ciclistas e caminhantes e, agora, deverão ser ainda mais usados para turismo, educação ambiental, capacitação de gestores de áreas protegidas, corridas a pé ou de mountain bike, seja para amadores ou profissionais.
“A sinalização ajuda a ordenar um turismo crescente, pois induz os visitantes a percorrer trechos de maior beleza e com menor impacto ambiental. O uso público será monitorado para melhor atender os turistas e para garantir a menor perturbação dos animais e dos ambientes protegidos”, disse o chefe da Floresta Nacional de Brasília, Robinson Rodrigues.
Novas demandas
Mobilizado pela abertura planejada de unidades de conservação à visitação pública, o Grupo de Caminhada de Brasília entregou a gestores do ICMBio uma carta onde pede o estudo e a demarcação de um circuito com até 35 quilômetros na Floresta Nacional de Brasília, a ser completado a pé e em dois dias.
Para tanto, o órgão ambiental deverá ajudar na instalação de um banheiro seco, em ponto determinado para acampamento. Consolidada, a caminhada poderá, inclusive, romper os limites da Flona e adentrar o vizinho Parque Nacional de Brasília, ampliando o trekking em dezenas de quilômetros.
“Temos poucos lugares no Distrito Federal que permitem uma caminhada longa e integrada a ambientes naturais e florestais. A Flona permite isso. Daí a nossa demanda pela implantação desse roteiro, em parceria com o ICMBio”, explicou João Carlos Machado, do Grupo de Caminhada de Brasília.
Agendas convergentes
A visitação em parques nacionais e outras unidades de conservação cresceu em média 11% ao ano na última década. Mais de 8 milhões de pessoas ultrapassaram os portões de áreas protegidas federais no ano que passou. Com tamanha demanda batendo à porta desses espaços, os órgãos ambientais têm o desafio de acomodar uma visitação pública crescente com a indispensável conservação da biodiversidade, de fontes de água e de outras riquezas.
Para o diretor executivo do Instituto Semeia, Fernando Pieroni, associar agendas de visitação e de conservação é fundamental para a consolidação das áreas protegidas e para o incentivo a economias locais e regionais. Todavia, concretizar essas medidas depende de drible em barreiras políticas, culturais e orçamentárias.
Segundo Pieroni, parques não são uma prioridade na agenda política, ainda mais em tempos de crise econômica, e o orçamento exclusivo da área ambiental não dará conta das demandas de infraestrutura para que as pessoas possam visitar em maiores quantidade e qualidade as unidades de conservação.
“Parcerias com o setor privado são um caminho para melhorar o uso público e deslanchar o potencial econômico e turístico das unidades de conservação. É necessária uma visão mais ampla e sistêmica da visitação em áreas protegidas, como já acontece em outros países, onde os turistas têm à disposição equipamentos que tornam a visitação mais democrática e confortável, como banheiros, lanchonetes e transporte interno”, disse o diretor do Semeia.
Agenda oficial
De acordo com o diretor de Criação e Manejo de Unidades de Conservação do Instituto Chico Mendes (ICMBio), Paulo Carneiro, é uma determinação de governo que as áreas protegidas cumpram com mais efetividade e qualidade suas funções de recreação e de destino ecoturístico. Para tanto, o órgão está mobilizado para conceder serviços à iniciativa privada em 15 desses espaços e para implantar sinalização de apoio ao turismo.
“Queremos receber os visitantes em melhores condições, com boa alimentação, locais para comprar ou alugar equipamentos e para hospedagem, como campings e pousadas. Estamos equipando unidades com melhores estruturas de recreação, a exemplo do Circuito Flona, no Distrito Federal”, explicou Carneiro.
Para ele, o turismo é uma ferramenta que atrai aliados à conservação da natureza e que, com equipamentos como trilhas de longo curso, pode manter caminhos para a circulação segura de animais entre áreas protegidas.
Entre os projetos em curso com esse enfoque, estão a Trilha Missão Cruls, a Travessia das Sete Quedas e o Caminho de Cora Coralina, todos conectando regiões conservadas em Goiás. Outras iniciativas avançam em Minas Gerais, na Estrada Real, na Mata Atlântica, onde uma grande trilha interligará trechos dos Caminhos da Serra do Mar e da Trilha Transcarioca, e também no Distrito Federal (DF), na Flona de Brasília.
Essa área protegida recebeu no ano passado quase 34 mil visitantes e, graças a esse volume turístico, tem gerado cerca de R$ 6,7 milhões a cada ano e ajudado a manter quase 200 empregos no Distrito Federal. As estimativas foram geradas durante a tese de doutorado na Universidade da Flórida de Thiago Beraldo, analista ambiental do ICMBio, que se valeu da metodologia usada nos Estados Unidos para a valoração econômica de áreas protegidas.
Naquele mesmo país, estudos mostram que visitantes frequentes de áreas dedicadas à proteção da natureza são os que mais pesam na defesa da conservação quando depositam votos nas urnas, são os que mais realizam trabalhos voluntários em unidades de conservação e, ainda, doam até três vezes mais recursos para a conservação do que outros cidadãos.
“O visitante é nosso aliado. Por isso, precisamos equipar unidades de conservação para receber turistas com qualidade, oferecendo o que o público pede. Precisamos trocar a prática antiga da proibição pela da sensibilização, esclarecimento e educação para as boas práticas de uso”, ressaltou o diretor de Criação e Manejo de Unidades de Conservação do ICMBio, Paulo Carneiro.
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Bom dia. Gostaria de saber se é seguro seguro acampar dentro do parque. Pretendo fazer a Sucupira. Deixo meu contato e gostaria de informações. Agradeço se alguém puder me ajudar.
Helber
Perfeito. vamos colocar pessoas de bem, a usufruir estas unidades de Conservação.
O que precisa urgente, são os gestores destas Unidades de Conservação, retirarem retirarem estes biopiratas (matadores?caçadores, ladrões de palmeira juçara e por aí vai) destas Unidades.
Falo de Icmbio, Ibama,fatma e demais órgãos estaduais.