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Governo do RJ recebe documento com recomendações para enfrentamento ao lixo no mar

Redigido pela Rede Oceano Limpo, o documento foi entregue durante cerimônia no RJ. O plano contém diretrizes para prevenir, monitorar e conter o despejo de lixo nos oceanos.

Júlia Mendes ·
3 de maio de 2024
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No estado do Rio de Janeiro, a poluição por lixo no mar é um problema recorrente. Com mais de 16 milhões de habitantes, cerca de 17 mil toneladas de lixo por dia são produzidas no estado, segundo o Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS/RJ). Desse número, apenas 3% são destinados à reciclagem. Além disso, de acordo com o diagnóstico Blue Keepers, três bacias hidrográficas do RJ estão entre os 10 hotspots costeiros com maior risco de vazamento de lixo plástico para o oceano no Brasil. São elas: Baía de Sepetiba, Foz do rio Paraíba do Sul e Baía de Guanabara e região.

No Brasil, ainda não há consenso em relação a valores de referência ou uma base de dados nacional que concentre informações sobre o lixo no mar. No entanto, existem pelo país iniciativas para monitoramento, prevenção e remoção de resíduos sólidos no ambiente costeiro e marinho realizadas por diferentes setores da sociedade. Ao dialogar com mais de 180 deles, a Rede Oceano Limpo formatou o documento “Recomendações para a Estratégia Estadual de Enfrentamento ao Lixo no Mar no Rio de Janeiro”, que traz de forma sistematizada orientações de ações para o enfrentamento ao lixo no mar no estado.

Com 90 páginas, o documento representa o resultado do trabalho conjunto de identificação de lacunas e oportunidades entre o governo estadual e a Rede Oceano Limpo-RJ. “O documento foi elaborado para orientar o que o estado vai fazer, como um guia de ações a serem tomadas. É a primeira vez que o estado tem uma estratégia em mãos com ações pertinentes para resolver o problema do lixo no mar. É um passo importante que estamos construindo no Rio de Janeiro em benefício do oceano e dos serviços prestados à humanidade”, disse Jemilli Viaggi, Gestora da Rede Oceano Limpo-RJ e uma das autoras do documento.

Após dois anos de elaboração, a rede entregou o documento ao poder público nesta sexta-feira (3), em uma cerimônia no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. Estiveram presentes no evento autoridades como Alexandre Turra, coordenador da Cátedra Unesco para Sustentabilidade do Oceano, Bernardo Rossi, Secretário de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, Renato Jordão, presidente do Instituto Estadual do Ambiente (INEA) e Felipe Peixoto, Secretário Interino de Energia e Economia do Mar.

Segundo Turra, o documento com as recomendações e estratégias para o enfrentamento do Lixo no Mar no Rio de Janeiro sinaliza o fechamento de um ciclo virtuoso, efervescente e integrado de discussões e proposições de estratégias para enfrentar o lixo no mar, considerando diferentes atores da região. “Essa é a base para os próximos movimentos que devem compor ações de implementação dessas estratégias, além de sua internalização como política pública no Estado”, completou o biólogo.

Dividido em seis eixos temáticos – Ações de Ciência, Tecnologia e Inovação; Ações de Fomento/Financiamento; Ações de Capacitação; Ações de Combate ao Lixo no Mar; Ações de Monitoramento e Avaliação; e Ações de Educação Ambiental e Comunicação – , o plano contém sugestões e exemplos de iniciativas, desde a educação ambiental e capacitação técnica até os meios de disposição final dos resíduos.

O documento completo está disponível gratuitamente no site da Rede Oceano Limpo.

  • Júlia Mendes

    Estudante de jornalismo da UFRJ, apaixonada pela área ambiental e tudo o que a envolve

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