A constante dança das cadeiras de chefias na área ambiental, uma das marcas do governo Bolsonaro, fez mais uma vítima nesta sexta-feira (29/10). O exonerado, Fernando Lorencini, estava na presidência do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, o ICMBio, desde setembro de 2020. Sua provável saída era comentada nos corredores do órgão ambiental há pelo menos duas semanas e, com o cargo vago e nenhuma nomeação oficializada ainda, começam as especulações sobre quem pode ser o sucessor.
O nome mais cotado até o momento seria o do atual diretor de Criação e Manejo de Unidade de Conservação (Diman), Marcos de Castro Simanovic, mas a rádio-corredor alerta sobre a possibilidade de um nome de fora, a ser indicado por ninguém menos do que o “01”, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ).
O ICMBio é o órgão responsável por cuidar de mais de 330 unidades de conservação federais, que juntas cobrem cerca de 9% do território continental brasileiro e 25% do marinho.
Com mais de três décadas de atuação na Polícia Militar de São Paulo, onde alçou a coronel, Lorencini tinha o currículo padrão dos chefes nomeados pelo ex-ministro Ricardo Salles: pouca ou nenhuma experiência na área ambiental e uma patente. O coronel entrou para “carreira ambiental” em maio de 2019, quando Salles o nomeou diretor de Planejamento, Administração e Logística (Diplan) do ICMBio.
Lorencini é o terceiro nome a deixar a presidência do ICMBio nos menos de três anos do governo Bolsonaro. O primeiro a sair foi o médico veterinário Adalberto Eberhard, que durou menos de quatro meses no cargo e se demitiu em abril de 2019, após Salles ameaçar servidores em evento no Rio Grande do Sul. Em seu lugar, entrou o coronel da PM Homero Cerqueira que se manteve na presidência por 1 ano e 4 meses, durante o qual também teve conflitos com o ex-ministro, que culminaram com a sua exoneração, em agosto de 2020.
Com o próprio Ricardo Salles exonerado em junho deste ano, a queda de Lorencini teria a ver com o atual ministro, Joaquim Leite. De acordo com rumores, os dois carregavam uma inimizade anterior, de quando Leite era o secretário de Amazônia e Serviços Ambientais, pasta dentro do Ministério do Meio Ambiente que chefiou de abril de 2020 a junho deste ano.
Em uma mensagem pessoal que enviou aos seus colegas de instituto, Lorencini se despediu sem dar pistas do motivo de sua exoneração. “Chegarei ao final de mais um ciclo em minha vida, com o término de minha gestão na Presidência do ICMBio”, limitou-se a dizer sobre sua saída.
Na mensagem, também agradeceu aos colegas, desejou sorte ao próximo presidente e destacou: “Tenho certeza que o ICMBIO será cada vez mais forte. Muitos projetos serão concluídos nos próximos meses como a renovação da frota, nova política de remoção, novos equipamentos e uniformes, realização de concurso público para novos servidores e agentes temporários ambientais dentre outros”.
Das três principais chefias da área ambiental, o Ministério do Meio Ambiente, o ICMBio e o Ibama, apenas Eduardo Bim, presidente deste último, segue inabalável desde o início da era Bolsonaro.
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