Diz a lenda que as minas produziram US$ 226,8 milhões em 60 anos rasgando as montanhas do lugar. Se é verdade, a cidade nunca recebeu um tostão de royalties. Os mais antigos dizem que ela era pequena mas feliz, pelo menos enquanto durou a mineração. Na década de 50 seu Adriano vendeu tudo para uma multinacional francesa e sumiu. Quando o negócio começou a render pouco os franceses passaram o mico para brasileiros e se mandaram para Paris.
Em 2001, Adrianópolis estava ambientalmente ferida e economicamente estagnada, esquecida no seu canto do Vale. Nem estrada para a capital ela tinha – o trajeto de 120 quilômetros levava seis horas, buraqueira acima. Sem trabalho, muita gente se mandou e os que ficaram resistiam fazendo bicos na lavoura.
A cidade entrou definitivamente para o mapa do Paraná naquele ano, por obra do vereador Jipinho. Comerciante de móveis usados na cidade, ele convocou jornalistas de todo o Brasil para anunciar uma preocupação legítima e sua grande descoberta: “Centenas de pessoas estão intoxicadas por chumbo e dezenas já morreram”. O homem indicou até a existência de um cemitério clandestino dentro das minas, onde estariam as vítimas. Jipinho pediu caminhões – e estradas – às autoridades para a imediata remoção daquela ameaça aos seus concidadãos e eleitores.
Em 15 dias o drama virou farsa. A Secretaria da Saúde do Paraná examinou o sangue de quase 600 pessoas, concluindo que as crianças anêmicas sofriam era de desnutrição. Ao invés de mandar tirar o rejeito da cidade, o governo enviou cestas-básicas, recuperando os doentes.
Quem chefiou a Operação Chumbo foi o sanitarista Natal Jataí de Camargo, um técnico que passou por governos de diferentes partidos sem abandonar suas funções na Secretaria de Saúde. Nenhuma morte de intoxicação por chumbo foi comprovada em Adrianópolis, na Vila Mota ou nas cidades ribeirinhas do Vale, para onde o chumbo era levado pelas chuvas.
“Testamos todos que tiveram queixas no Hospital de Clínicas de Curitiba, examinamos alimentos, o resultado foi zero mortes”, disse Natal na sexta-feira, dia 15, às 6h, tirado da cama para resolver esta dúvida do O Eco. “Não adianta eu explicar. Faço isso há anos, mas a teoria do chumbo matando ainda é defendida por muita gente desinformada”, resumiu, antes de voltar a dormir.
A Unicamp, que no primeiro momento (2001) tinha tomado o lado das “vítimas intoxicadas”, fez um estudo de longo prazo, encerrado em março de 2004. Seus pesquisadores recolheram amostras da grama supostamente contaminada que o gado comia (o pátio da mina tem um pasto enorme), do leite do gado que comia a grama com chumbo, dos ovos de galinhas que ciscavam no pedaço, das plantações de mandioca expostas às nuvens de chumbo levantadas com a poeira da estrada.
Os cálculos indicaram que para ficar intoxicada uma pessoa precisaria comer 30 quilos de mandioca por semana, beber 60 litros de leite por mês e traçar uma omelete com 1.200 ovos. Especialistas americanos foram consultados sobre a montanha negra da Vila Mota. A conclusão: para fazer mal, seria preciso que alguém comesse uma xícara grande do material, de colherinha.
Todos concedem que a existência de partículas quase microscópicas de chumbo estão na poeira da estrada ao lado do depósito. E que ela se deposita na traquéia das pessoas que passam ali na hora em que um carro levanta uma nuvem – mas nada que uma boa tossida não resolva.
Se o anúncio da ameaça foi feito em rede nacional de televisão, a conclusão dos estudos nunca foi suficientemente divulgada. Vira e mexe alguém ouve falar no caso, bebe em antigas fontes de notícias disponíveis na Internet e renova o aviso aos navegantes: em Adrianópolis, Paraná, o chumbo está matando uma população de pobres mineiros abandonados por governantes insensíveis.
O homem explica sua decisão com jeito de caipira desconfiado, ar bonachão, sorriso sempre aberto: “Óia, eu num sei como está esse negócio, enrolado na Justiça, aí tem coisa. Se eu me meter posso perjudicar a cidade, preciso examinar com mais carma. Imagina se eu autorizo a obra e despois descobrem alguma coisa?”.
O prefeito rolou a bola pra frente porque sabe que o povão não se importa com o tema. Numa enquetezinha se nota que ele já enjoou do assunto e não tem mais medo, como teve uma vez. No posto de saúde, o médico não tem nenhum chumbado entre seus pacientes. Na Vila Mota, as crianças continuam indo à escola passando pela montanha, traquéias abertas. A Vila cresceu mesmo na miséria, abriu um supermercado no pedaço. O dono do super está namorando a filha da professora, uma loira bonita que quer estudar teatro em Curitiba.
Jipinho? Não é mais vereador, mas já resolveu o seu problema: arrendou a loja de usados para um primo e se mudou para a capital. Olhando bem, a própria cidade está se ajeitando. Já tem Internet na prefeitura e no banco. Do outro lado da estrada do rio tem muita lavoura de banana, bastante verde. E o asfalto está a 30 km da entrada, deve ficar pronto em dezembro. Aí pode ser que Adrianópolis entre de vez na era moderna – deixando para trás seus dias de chumbo.
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GOSTARIA DE SABER COMO FICOU A NOSSA SITUAÇÃO DEPOIS DE MEU PAI TRABALHAR 15 ANOS NESTA EMPRESA ELE SE FOI COM PROBLEMAS DE SAUDE HOUVE UM TEMPO QUE PEDIRAM PAPEIS E DOCUMENTO ]PARA FAZER UM AJUSTE A VIDA DAS FAMÍLIA QUE MORAVAM NO VILAREJO MAIS DEPOIS ATE HOJE NÃO TIVEMOS AUXILIO DE NADA ALGUÉM PODE ME AJUDAR NESTA QUESTÃO.
MORO EM IPORANGA MEU CONTATO E 015 35561138 CELULAR 15 996512519 E MEU ZAP TAMBEM
EU SOU APARECIDO MOURA LIMA FILHO DO QDORICO ALVES DE LIMA TRABALHADOR DE MARTELETEIRO DAS MINAS DE CHUMBO DA BLUMBUM