Salada Verde

Sobre a terra degradada

Sistema de hortas orgânicas alimenta famílias e ajuda a recuperar o solo saturado de antiga fazenda de soja em assentamento goiano. Tecnologia é usada no Brasil e exterior.

Salada Verde ·
27 de novembro de 2009 · 15 anos atrás
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Sistema de cultivo ganhou uma passarela de galinhas até um terreiro, criação dos assentados. Foto: Martin D´Ávila/FBB
Sistema de cultivo ganhou uma passarela de galinhas até um terreiro, criação dos assentados. Foto: Martin D´Ávila/FBB

Nascido naquele árido país africano, aprendeu que água não se desperdiça e adicionou irrigação por gotejamento a seu invento. As hortaliças que alimentam e complementam a renda dos assentados esbanjam tons de verde e ajudam a recuperar a terra em uma fazenda degradada pela monocultura de soja, atividade também financiada por bancos públicos.

Os cultivos são adubados com o esterco dos galináceos, que também fornecem ovos e carne. Ervas chamadas de daninhas são mantidas para matar a fome de  insetos e proteger a umidade da terra banhada pelo sol do Cerrado.

Graças à declividade da fazenda, a rega das hortas é feita por gravidade na maioria dos lotes, que têm em média vinte hectares. Os produtores trocam sementes e experiências entre si, como de adubos e fertilizantes naturais, reduzindo a dependência externa para manter a produção que varia ao longo do ano, entre seca e estação chuvosa e dedicação aos roçados de milho, mandioca e outras culturas. Nas hortas circulares plantadas em mutirões crescem itens comuns como alface, cenoura e beterraba, mas há novidades como batata-baroa, alho-de-folha, maxixe e almeirão.

“Assentados estão ganhando uma visão de que é possível tirar o sustento da terra sem colocar nada químico, de sobreviver gerando sua própria renda. Mas falta vontade política para que o sistema seja adotado como política pública”, comentou Ageu Gonçalves da Rocha, da parceira de empreitada Associação para o Combate à Exclusão Social e Preservação Ambiental.

Casas de adobe, com paredes e telhado de fibrocimento e outros "materiais alternativos" são maioria em Itaúna. Foto: Aldem Bourscheit
Casas de adobe, com paredes e telhado de fibrocimento e outros "materiais alternativos" são maioria em Itaúna. Foto: Aldem Bourscheit

A superintendência do Incra em Goiás informou que este ano foi liberado dinheiro para compra de adubo e outros insumos agrícolas para os roçados convencionais e também que há um milhão de reais para construção de uma centena de casas. Todavia, o valor por residência aumentou em julho para 15 mil reais e a verba só será liberada após uma complementação de 500 mil reais. O Incra não deu um prazo para que isso ocorra.

A instalação de água encanada depende da construção das residências e a ligação da energia está nas mãos da Companhia Energética de Goiás. “A empresa já realizou medições no assentamento e deve trazer a energia até junho do ano que vem”, disse Raimundo Pereira, presidente da associação do assentamento Itaúna.

O sistema de produção já é usado no Distrito Federal e dezoito estados, onde há quase seis mil hortas em 202 municípios. Cerca de quatro mil unidades têm apoio da Fundação Banco do Brasil, que apóia com até 12 mil reais e oferece assistência técnica por cerca de dois anos para cada unidade e convidou a reportagem de O Eco para conhecer a experiência no interior goiano. Ao todo, a entidade já injetou quase 15 milhões de reais para replicar a tecnologia. Os africanos Senegal e Moçambique também adotaram a idéia. (Aldem Bourscheit)

Mais fotos do assentamento aqui.

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