Os cultivos são adubados com o esterco dos galináceos, que também fornecem ovos e carne. Ervas chamadas de daninhas são mantidas para matar a fome de insetos e proteger a umidade da terra banhada pelo sol do Cerrado.
Graças à declividade da fazenda, a rega das hortas é feita por gravidade na maioria dos lotes, que têm em média vinte hectares. Os produtores trocam sementes e experiências entre si, como de adubos e fertilizantes naturais, reduzindo a dependência externa para manter a produção que varia ao longo do ano, entre seca e estação chuvosa e dedicação aos roçados de milho, mandioca e outras culturas. Nas hortas circulares plantadas em mutirões crescem itens comuns como alface, cenoura e beterraba, mas há novidades como batata-baroa, alho-de-folha, maxixe e almeirão.
“Assentados estão ganhando uma visão de que é possível tirar o sustento da terra sem colocar nada químico, de sobreviver gerando sua própria renda. Mas falta vontade política para que o sistema seja adotado como política pública”, comentou Ageu Gonçalves da Rocha, da parceira de empreitada Associação para o Combate à Exclusão Social e Preservação Ambiental.
A instalação de água encanada depende da construção das residências e a ligação da energia está nas mãos da Companhia Energética de Goiás. “A empresa já realizou medições no assentamento e deve trazer a energia até junho do ano que vem”, disse Raimundo Pereira, presidente da associação do assentamento Itaúna.
O sistema de produção já é usado no Distrito Federal e dezoito estados, onde há quase seis mil hortas em 202 municípios. Cerca de quatro mil unidades têm apoio da Fundação Banco do Brasil, que apóia com até 12 mil reais e oferece assistência técnica por cerca de dois anos para cada unidade e convidou a reportagem de O Eco para conhecer a experiência no interior goiano. Ao todo, a entidade já injetou quase 15 milhões de reais para replicar a tecnologia. Os africanos Senegal e Moçambique também adotaram a idéia. (Aldem Bourscheit)
Mais fotos do assentamento aqui.
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