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Caça de onça era negócio lucrativo

Quadrilha que atuava no Paraná e Mato Grosso era chefiada por dentista com fazenda próxima ao Parque do Iguaçu. Cada onça era 'vendida' por 1,5 mil reais. 

Redação ((o))eco ·
26 de julho de 2010 · 15 anos atrás
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Brasília – Desde 1993, Eliseu Augusto Sicoli dizia que as onças eram um empecilho para sua fazenda na divisa do Parque Nacional de Iguaçu-PR.
 
O dentista, que ainda pretendeu ser reitor da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, está preso junto com mais 9 pessoas acusado de chefiar uma quadrilha de caça esportiva, que atuava em pelo menos 3 estados, MT, MS e PR. Segundo o Delegado da Polícia Federal de Corumbá-MS, Paulo Nomoto, foram 14 mandados de prisão emitidos e 7 de prisão temporária, 3 continuam foragidos, um deles o taxidermista Fernando Chiazzenato deve se entregar na sede da PF em Curitiba. No entanto, o delegado não sabe dizer quando começaram as atividades do grupo.

Um arsenal foi encontrado nas cidades de Miranda-PR, Cascavel-PR e Sinop-MT. São armas típicas de caça, de calibre fino para não danificar o couro do animal e de alto poder de precisão. Eles serão autuados por porte e posse ilegal de armas de fogo e pela Lei de Crimes Ambientais, podendo chegar a 7 anos de prisão. Está sendo instaurado inquérito para descobrir qual a origem das armas, mas até agora eles não foram acusados de tráfico das mesmas.

A Operação é inédita pois é muito dificil chegar aos locais onde este tipo de crime ocorre, afirmou o delegado Paulo Nomoto. As investigações tiveram início em 2009 pela PF de Corumbá, MS e o IBAMA, que obtiveram relatos do encontro de carcaças de onças em algumas fazendas pantaneiras, e a notícia que onças monitoradas por um projeto de pesquisa estavam desaparecidas. Com isso, as suspeitas recaíram sobre Antônio Teodoro Melo Neto de 71 anos, que já auxiliou em capturas de onças para projetos de pesquisa.

Antonio Teodoro Melo Neto foi preso com seu filho em flagrante. O grupo vendia cada cada animal caçado por cerca de US$ 1,5 mil e ainda contava com suporte para transporte das peles por aviões particulares. Muitas fotos foram apreendidas e a polícia federal seguirá buscando outros criminosos identificados como parte da quadrilha pelo material apreendido.

Em 2001, Eliseu teria procurado organizações não governamentais envolvidas com a proteção de grandes mamíferos para tentar resolver seu problema. Segundo o Paulo Nomoto as atividades do dentista eram apenas fachada para abrigar o lucrativo mercado de peles e de caça turística. (Gustavo Vieira)

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