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Filhos: Por que não tê-los – VII

De Pedro P. de Lima-e-SilvaEngenheiro Ambiental, PhDServico de Seguranca Radiológica e AmbientalComissão Nacional de Energia NuclearCaro EcoParabéns a Silvia Pilz que teve a coragem que falta a muitas. Ao quase protesto que sua coluna atual se parece, acrescento um dado importante: os países que conseguiram boa qualidade de vida são os que estabilizaram sua população e vice-versa, mostrando que há uma correlação forte entre os dois fenômenos.Eu e minha esposa tivemos que pensar muito para ter nossa filha, que veio na data programada e no momento desejado, após acertos econômicos necessários. Criar uma criança hoje é uma opção caríssima, se todos os custos forem de fato considerados, de alta responsabilidade, porque você está obrigando um novo ser a sobreviver nessa selva, no sentido pejorativo da palavra, e elimina uma série de alternativas possíveis na sua vida. Uma nova vida detona a maioria dos seus momentos românticos, estressa seu tempo fora do trabalho e afeta, às vezes profundamente, sua saúde, porque aquelas malhações que você fazia não têm mais espaço.Nossa filha é amada, profundamente amada, e não nos arrependemos nem por um segundo de a termos "produzido". Mas isso não precisa me fazer hipócrita ou cego de que um filho é um terremoto na sua vida, e que é preciso querer isso com muita determinação e consciência. Fabricar 3, 4, 5 ou mais filhos porque não temos televisão, porque é "divertido", porque a gente "dá um jeito", porque "onde come dois, comem três" são falácias abomináveis e irresponsáveis.Não são poucos hoje os conhecidos que não têm filhos, e não vejo neles nenhuma infelicidade, muito pelo contrário. Se lhes falta essa experiência, lhes sobra tempo para atividades importantes, para uma liberdade invejável e, porque não dizer, para prazeres quase inalcansáveis aos pais. Não ter filhos deve ser uma opção de vida tão válida quanto qualquer outra.Só faço uma ressalva à coluna, que parece colocar que a opção de adotar deveria ser preferencial à de produzir. A vida não é assim determinada, e nenhum dinheiro do mundo me faria abrir mão de minha própria genética, ou de como diz minha mulher, daquele "cheirinho de cromossoma". Adotar é uma ação das mais nobres, e eu admiro profundamente quem o faz, mas assim como ter ou não ter filhos, também deve ser uma opção individual, na qual os outros não têm o direito de se meter.abs,

Lorenzo Aldé ·
30 de junho de 2005 · 20 anos atrás
  • Lorenzo Aldé

    Jornalista, escritor, editor e educador, atua especialmente no terceiro setor, nas áreas de educação, comunicação, arte e cultura.

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