Alex Ferro, 36 anos, carioca da Ilha do Governador, iniciou sua carreira fotográfica no jornal O Povo, o que lhe ensinou a encarar decapitados com frieza e naturalidade. Aprendeu a fotografar com técnica, e a dominar Hasselblads, na extinta revista Manchete, onde ficou até o espocar do último flash. Dali, Alex partiu em busca de algo que lhe permitisse contar uma história, desenvolver um tema. Foi quando teve a idéia de fotografar as salinas da Região dos Lagos, Estado do Rio de Janeiro.
Ele enfrentou dificuldades de vários níveis, desde a sua aceitação pelos salineiros, que são em geral pessoas arredias e desconfiadas e resolvem seus conflitos na base da enxada, até o convívio com a salinidade, que, de tão alta, o obrigou a fazer um revestimento de plástico para envolver sua câmera. O contato com o sal era suficiente para, em pouquíssimo tempo, corroer o equipamento.
Para ser aceito no grupo, ficou íntimo dos salineiros. O que significava dividir o prato de comida e o copo de cachaça. Alex começou a perceber que a atividade nas salinas mantém-se inalterada, com a mesma condição de insalubridade de séculos atrás, que resulta em câncer de pele, hipertensão e cegueira. No alto verão, a temperatura que atinge a sola do pé, dentro da salina, ultrapassa os 60 graus.
Ao contrário do Nordeste, onde o trabalho nas salinas dura o ano inteiro, no Estado do Rio a atividade é sazonal, desenvolvida de janeiro a abril. Para fazer o seu ensaio, Alex passou sete períodos fotografando as salinas. Chegou a ficar três meses seguidos na região. A maior parte das fotos foi feita em Araruama, num lugar conhecido como Praia Seca, mas ele registrou também as salinas de Cabo Frio e Arraial do Cabo.
Agora Alex Ferro está se preparando para embarcar para Macau, no Rio Grande do Norte. É lá, na capital brasileira do sal, que pretende prosseguir o seu projeto.
Equipamento Fotográfico:
Câmeras Nikon, F2 e FM2, com várias lentes, de 20mm a 500 mm.
Filmes variados, Delta da Ilford e da Kodak, Plus x, Tmax, e Tri x.
Além de muito filtro vermelho.
Leia também
Por eventualidade, projeto que reduz para 50% Reserva Legal na Amazônia sai de pauta no Senado
Por pouco o projeto de lei que pretende diminuir para 50% a cota de Reserva Legal na Amazônia não foi apreciado no principal colegiado do Senado, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A proposta constava na pauta da reunião desta quarta-feira (8), mas seu relator, o senador Márcio Bittar (União/AC) entrou em licença médica →
Negócio arriscado: Como a exploração de petróleo pode afundar o Brasil
A decisão de promover a exploração e venda de mais combustíveis fósseis contrasta drasticamente com a realidade climática global e os eventos recentes que atestam sua severidade →
Salvando pintadas (e bois) em Paragominas
No nordeste paraense, iniciativa pioneira ajuda a conservar o grande predador nativo evitando ataques ao rebanho bovino →