Juarez Cavalcanti, alagoano, 47 anos, graduou-se em engenharia eletrônica pela PUC-RJ , mas nunca usou o diploma profissionalmente. Paralelamente ao curso, começou a fotografar para jornais universitários e rapidamente entrou no mercado editorial, onde passou pelas redações do jornal Folha de São Paulo e da revista Isto É. Trabalhou também como colaborador em publicações da Editora Abril e da Globo.
O livro sobre Coruripe começou quando Juarez tentou realizar um projeto sobre cultura popular e procurou uma empresa do setor canavieiro para patrocinar a idéia. Para sua surpresa, foi convidado para realizar um trabalho sobre árvores. Na verdade, ilustrar o trabalho da bióloga Alite Bezerra, havia desenvolvido na reserva florestal da usina como tese de mestrado. A empresa queria publicar algo que traduzisse visualmente a pesquisa.
Como Juarez nunca havia fotografado árvores na vida, encarou o desafio preocupado com questões complicadas, tais como distanciamento físico, pouca luz e emaranhados que fazem a mata virar um labirinto de copas, cipós, parasitas etc. A solução ficou em se priorizar detalhes, tais como troncos, folhas, frutos e fotografar árvores desde que elas tivessem uma “fotogenia” mais limpa.
Usou filme Velvia (50 asa) e lentes 28mm, 35mm, 55mm (macro) e 200mm, algumas com duplicador, tripé e longas exposições. Foram 28 viagens, aonde ficava em média três dias, fotografando das 5 da manhã até o último raio de luz, sempre na companhia fundamental do Seu Nilo, mateiro que é um mestre da floresta, pois é capaz de identificar todas as espécies da mata.
Como diz o fotógrafo Antonio Augusto Fontes no prefácio de “Coruripe”, “o resultado é a revelação de um reino mágico, onde micro e macro se equivalem numa mesma dimensão poética”. As fotos de Juarez parecem acarinhar folhas, frutos, raízes e troncos, como um amante maravilhado com as texturas e sutilezas da pele da amada.
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