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Carta – Prontas para adoção III

De Dr. Rodrigo C. G. SouzaDr Anibal, Tendo sido citado nominalmente numa réplica de sua autoria à matéria de "O Eco" sobre Lachesis, de forma...

Redação ((o))eco ·
10 de maio de 2006 · 18 anos atrás

De Dr. Rodrigo C. G. Souza

Dr Anibal, Tendo sido citado nominalmente numa réplica de sua autoria à matéria de “O Eco” sobre Lachesis, de forma desrespeitosa, valho-me aqui do mesmo “Direito de Resposta”, que será encaminhado também ao Renctas e ao Ibama, bem como ao Ministério Publico local.

1) Sobre a “ilegalidade” do criatório que supervisiono: tenho protocolo no Ibama,Cadastro Técnico Federal, sou Fiel Depositário tanto do Ibama quanto da Justiça Federal,e aguardo registro e licença de operação desde dezembro de 2003. Realizei 90 % das obras que Dr.Alfredo Palau (RAN) recomendou ao criatório em sua vistoria, com a ajuda da Ong Yonic.

2) Sobre minha “especialidade”: sou médico pela UFMG, membro do Colégio Brasileiro de Cirurgiões,diretor médico da Fundação Hospitalar Itacaré, conveniado com a Vigilância Sanitária (Dr Dilton) local para atendimento a todos os casos de Ofidismo do Município,em especial aqueles provocados por Lachesis.Tenho 30 anos de experiência prática em herpetologia, e 20 anos de experiência no manejo clinico-cirúrgico destas ocorrências.
Mestrados e Doutorados e Títulos diversos não trazem necessariamente a competência necessária para a lida com Lachesis. Há que se pensar no animal como algo além de uma fonte de veneno.
Quem melhor lida com Lachesis, no Brasil, na minha opinião, é o semi-analfabeto José Abade da Ceplac, que você conhece bem.Tenho video com manipulação de especialistas da academia, que explicam bem a situação da Surucucu nos institutos.

3) Ainda sobre “ilegalidades”, o José Abade me relatou que você fez extrações no plantel da Ceplac e “levou muito veneno”. Creio que a suposta operação descrita pelo Abade deva ter sido legal e autorizada pelo RAN.
O Abade relata na ocasião “ter tido que tomar os bichos de você e fazer as extrações ele mesmo”, pois dava “para ouvir as colunas dos bichos estalando”.

4) Ainda sobre ilegalidades, penso que seu comércio de veneno de Lachesis também deva ter total respaldo jurídico. O Sr.Márcio Maruyama do Instituto Sanmaru relata ter feito negócios com o Sr, mas que “o grau de pureza da mercadoria não foi aprovado”. Grau de pureza/credibilidade são a grande dificuldade neste mercado, segundo informam alguns estrangeiros que me procuram.
Toda a correspondência destes grupos comigo foi devidamente encaminhada ao RAN e a GEREX SSA do Ibama.

Quanto ao Sr Maruyama,não pude atendê-lo em sua busca por peçonha laquetica.

5) Não tenho procuração para defender ninguém, mas penso que 1) a primeira pessoa a sugerir a elevação à categoria de espécie de melanocephala e stenophris, confirmada posteriormente por Zamudio e Greene 2) a primeira pessoa a reproduzir em cativeiro consistentemente melanocephala e stenophris 3) a primeira pessoa a reproduzir hibridos 4) a primeira pessoa a descrever Lachesis acrochordus (Dez 2003) no Noroeste amazônico (acolhido pr C e Lammar) 5) uma pessoa que já levou do ovo á idade adulta mais de 300, trezentos,indivíduos…sim, uma pessoa que esta na história do genero de forma mais consistente que qualquer um da “inteligencia” brasileira…SIM ESTA PESSOA TEM O QUE ENSINAR. Se ele vende serpentes neotropicais nascidas em cativeiro de forma legal,o problema é dele,bem como seu alegado comércio de veneno é problema seu.Sinto-me profundamente honrado com a visita do Ripa e mais ainda com o capítulo de seu livro (Bushmasters:Morphology in Evolution and Behaviour,Terceira Edição) em que somos descritos como “O maior esforço mundial para a preservação da espécie”, como corretamente assinala a jornalista. O livro pode ser comprado on-line.Trata-se de edição histórica em que nos aprofundamos no tratamento das intoxicações, com novas propostas.Cerca de 50 fotografias,incluindo do acidente laquetico minuto a minuto, fazem parte dessa contribuição. Também me sinto profundamente honrado com o video da TV publica Alemã, que fez grande sucesso na Europa.Esta visibilidade internacional pode refletir-se em ajuda na preservação dos 5% residuais da Mata Atlantica.

6) quanto às insinuações sobre “a origem do plantel”, basta o Sr checar com as Polícias Civil e Militar locais a nossa forma de atuação.Ou com o próprio Ministério Público: [email protected] .TODO O MEU PROJETO OCORREU DE FORMA NãO PLANEJADA,AO CONSTATAR QUE DEVERIA FAZER ALGO PARA DETER A MATANçA EM CURSO DE UM ANIMAL \”VULNERáVEL\” PELA IUCN.São DEZENAS de Boletins de Ocorrencia descrevendo solicitação de populares para remoção de animais peçonhentos.A campanha com a comunidade é basicamente “dê uma chance ao bicho até o pôr-do-sol “…se eu não chegar ate o anoitecer,o animal morre.Tenho BOs com capturas num domingo a 67 Km daqui,solicitada pela Policia Civil.Felizmente somos referência para a polpulação, e a nivel local temos enorme importância. Verifique relato completo na Internet no site www.sos-itacare.org, no artigo “Problemas e Soluções do Resgate informal de Fauna”.

A referida jornalista recebeu dezenas de BOs e algumas declarações da PM, pois claramente checava tudo o que lhe dizia,como convém ao jornalismo investigativo independente,”não chapa branca”. Além destes BOs recebeu as numerações de protocolo do Ibama, CTF, numeros dos docs de Fiel Depositario etc.

7) Meu Advogado, Dr Francisco Carrera, acessora o Renctas. Ele só me tem como cliente por saber da minha conduta e considerá-la fundamental para a espécie, na luta pelo “ABATE ZERO”.Sou um médico do SUS,com uma vida dedicada à pobreza, portanto um cliente pouquissimo relevante do ponto de vista economico-financeiro.

8) A arrogância do seu texto, inclusive buscando deliberadamente colocar-nos contra o Ibama,não é em absoluto novidade. É a regra dos últimos 5 anos. Recebi acusações de diversos membros da inteligência com telhado de vidro.
Vejo tudo isso como “espirito de corpo” de um grupo que busca “reserva de mercado” com muita pompa, ostentação, titulos e pouco resultado.

Não vejo em que ponto a matéria possa ser contestada.Todos os emails que tenho recebido são de gente aliviada com o trabalho em curso pela espécie aqui na Bahia. Mas enquanto isso no Sul Maravilha…

Afinal,um João Ninguém,do Nordeste, não poderia estar colhendo as honras de um trabalho movido a paixão, com reconhecimento e publicações internacionais. Aqui no Brasil já cedemos informações para especialistas e mestres na vida, como Dr João Luis Cardoso do Hosp. Vital Brasil, Dr.Fabio Tozzi da USP, Dr Délio Campolina,do PS João XXIII,BH-MG (publicará acidente Laquetico que atendemos na RSB Medicina Tropical, agora).

Mas minha única e maior compensação por todo esse desgaste é a lida diária, quando constato que a saúde dos bichos, refletida no tônus, na beleza, na agilidade, é realmente algo excepcional.

Sinto orgulho de ter o primeiro registro fotográfico de cópula de rhombeata em cativeiro, bem como do inédito comportamento de “Macho e fêmea” guardando ovos.

Parabéns pela reprodução obtida aí,sei que é duro.Sei que se trata do mais delicado dos viperideos. É por isso que estamos aqui na luta, protegendo “In loco” os ultimos remanescentes no bioma da APA Itacaré-Serra Grande,quando encontrados pela população, com a qual jamais haverá acordo: há associação do bicho até com o demo, e quem já fez uma captura noturna de um bicho de 2.40 mts, sem machucá-lo, sabe que a associação até procede.

Também no site mencionado acima, no artigo “Lachesis e Capoeira: A história do Núcleo Serra Grande”, os interessados poderão conhecer melhor a realidade local, para então julgá-la com precisão.

Saiba que a indignação também é minha.

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