Análises

A Resex de Arraial do Cabo

Desde que comecei a me interessar por conservação, fui da corrente que defende a proteção integral. Mas, recentemente, gostei do que vi em reserva extrativista no Rio.

Pedro da Cunha e Menezes ·
16 de janeiro de 2010 · 16 anos atrás

Desde que comecei a me interessar por conservação ambiental, sempre fui da corrente que defende as unidades de proteção integral como o principal instrumento de política pública para o resguardo da biodiversidade. Nesse contexto, tenho concentrado meus estudos e visitas técnicas em Parques Nacionais, Reservas Biológicas e outras categorias afins. Recentemente, contudo, a paixão pelo mergulho levou-me a Arraial do Cabo (Rio de Janeiro), onde, desde 1996,  existe uma Reserva Extrativista Marinha. Gostei do que vi e do que ouvi. Em dois mergulhos nas águas da Reserva nadei em meio a variada fauna marinha. Não fui fundo. Nas submersões no Oratório e na Escadinha do Costão não cheguei a passar dos 14 metros. Bastou. Se Arraial não é Bonaire (vide minha coluna O abc do desenvolvimento sustentável publicada aqui em OECO em 12/02/2009) , ainda assim há grande riqueza faunísitica. Arraias, moréias, baiacus, budiões e polvos são corriqueiros. Já as tartarugas são tantas, mas tantas, que depois de alguns minutos deixam de ser objeto de excitação dos mergulhadores.

Segundo Ruy de Castro, que é morador de Praia Seca, nos arredores de Arraial, e tem mais de 100 mergulhos realizados na região, a reserva efetivamente aumentou a quantidade de fauna. Segundo ele, agora há respeito pelos períodos de defeso e a fiscalização tem coibido o uso de redes com malha excessivamente fina. Existem ainda, contudo, problemas. Há quem defenda que a profusão de tartarugas é consequênica da caça indiscriminada dos seus predadores, especialmente os tubarões, antes comuns nas águas delimitadas pelos 56.769 hectares da Reserva, e agora raros em todo o litoral da Costa Verde fluminense.
Se assim for, não chega a ser uma má notícia, mas um sinal de que é necessário ampliar as medidas de conservação que, aliás, são visíveis também nas ilhas que pontuam a Unidade de Conservação. Na maioria, controladas pela Marinha do Brasil, essas ilhas protegem espécies ameaçadas de extinção ou endêmicas, como o cacto da cabeça branca, a orquídea catylea, algumas bromélias e a quixabeira. Conferem proteção também a uma das paisagens mais deslumbrantes de toda a costa do Rio de Janeiro. Exemplos assim provam que as Áreas Protegidas de uso sustentávem têm sim um importante papel auxiliar na preservação do meio ambiente brasileiro.

Leia também

Salada Verde
12 de dezembro de 2025

Gilmar Mendes pede urgência na votação do Marco Temporal

Na reta final do ano, ministro solicitou que o julgamento ocorra em formato virtual entre os dias 15 a 18 de dezembro, pouco antes do recesso do STF

Notícias
12 de dezembro de 2025

“Papagaio cientista”: monitoramento da ave revela nova população de ipês raros

Trabalho que seguia grupo de papagaio-chauá se deparou com as árvores criticamente ameaçada de extinção em área afetada pelo rompimento da barragem de Mariana

Salada Verde
12 de dezembro de 2025

Pesquisadores do Jardim Botânico descobrem nova espécie de bromélia

Espécie é endêmica da Mata Atlântica e foi coletada na Bahia; atividades humanas na região onde foi avistada ameaçam sua sobrevivência

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.