Notícias

Onças abatidas têm cabeças cortadas como troféu

Esta semana houve dois casos envolvendo caça ilegal de onças-pintadas na Amazônia. Ambos apresentados como “demonstração de bravura”.

Vandré Fonseca ·
26 de março de 2015 · 9 anos atrás

Provas do crime estavam numa mochila. Foto: Divulgação
Provas do crime estavam numa mochila. Foto: Divulgação

Manaus, AM – Os patrulheiros ficaram surpresos. Eram as cabeças e as caudas de duas onças-pintadas (Panthera onca), um adulto e um filhote, provavelmente mãe e filho. Os pedaços de onça estavam escondidos em uma mochila levada na Mitsubishi L-200 Triton. A picape havia saído de São Luiz, no sul de Roraima, e foi parada durante fiscalização da Polícia Rodoviária Federal na BR-174, na entrada de Boa Vista, capital do estado, quando faltavam poucos minutos para às 11 horas da noite, de segunda-feira, 23 de março.

Um dos passageiros, Edinaldo Cavalcante, de 32 anos, assumiu ser responsáve. Ele foi levado a uma delegacia de Polícia Civil, onde assinou um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e foi liberado. Na delegacia, ele disse que matou as onças em uma fazenda e estava levando para Boa Vista, para mostrar à família. Os animais teriam sido caçados, com ajuda de cães que os acuaram antes do abate.

O veículo foi liberado e, de acordo com a Polícia Civil de Roraima, Edinaldo vai responder processo em liberdade por Crime Contra a Fauna, com pena prevista de 1 ano e seis meses de reclusão. Um representante do Ibama foi até a delegacia em busca de informações sobre a apreensão, para que o responsável fosse autuado e recebesse a multa: R$ 5 mil reais por animal. Os restos das duas onças foram encaminhados à Universidade Federal de Roraima (UFRR) para atividades de ensino e estudos genéticos.

O caçador é levado para a delegacia. Foto: Divulgação.
O caçador é levado para a delegacia. Foto: Divulgação.

No início da semana, um onça abatida no interior do Amazonas foi exibida em fotografia. O animal foi morto por um caçador em uma comunidade entre Urucurituba e Itacoatiara, que ficam às margens do Rio Amazonas. O homem afirma que estava caçando quando se deparou com o animal e o matou para se proteger. A história ganhou notoriedade depois que a foto foi publicada por um fotógrafo da capital, que diz estar produzindo uma exposição sobre a destruição da Amazônia.

O analista ambiental do Ibama, Robson Czaban, explica que a lei permite atirar um animal em legítima defesa. Porém ele destaca que o atirador pode ser punido se estiver caçando e durante esta atividade matar a onça. De acordo com ele, o ser humano não faz parte do cardápio da onça e os ataques são raros. “Além disso, se uma onça atacar alguém, essa pessoa tem poucas chances de se defender”, diz Czabanl. “Ela nos enxerga muito antes da gente percebê-la e ela costuma atacar pelas costas. Se atacar, a pessoa nem vai saber o que a matou”.

 

 

Leia Também
Onça amputada é encontrada no MS
Lição de jornalismo no front da onça parda
Traficantes de droga: nova ameaça às onças do Pantanal
Entenda a Lei de Crimes Ambientais

 

 

 

Leia também

Notícias
2 de maio de 2024

Estudo sobre impacto das alterações no clima em aves pode ajudar espécies na crise atual

Alterações climáticas reduziram diversidade genética de pássaros na Amazônia nos últimos 400 mil anos, mas algumas espécies apresentaram resistência à mudança

Reportagens
2 de maio de 2024

Sem manejo adequado, Cerrado se descaracteriza e área fica menos resiliente às mudanças no clima

Estudo conduzido ao longo de 14 anos mostra que a transformação da vegetação típica da savana em ‘cerradão’ – uma formação florestal pobre em biodiversidade – ocorre de forma rápida; mata fica menos resistente a secas e queimadas

Reportagens
2 de maio de 2024

Pedágio em Magé (RJ) isola bairro e gera impasse que ameaça remanescente de Mata Atlântica

Moradores pedem à Justiça isenção na cobrança; situação gerou pressão por reabertura de estrada em zona de amortecimento de parque nacional, onde vivem espécies ameaçadas

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.