O sul da Ásia virou mar

Aconteceu às 6: 59 da manhã de domingo, hora local, 100 milhas a oeste da costa da Indonésia e de uma maneira que segundo o The New York Times (gratuito, pede cadastro) não acontecia há 40 anos. Um terremoto sob o Oceano Índico provocou uma série de tsunamis na supefície, com ondas que ultrapassaram os 10 metros de altura e foram longe a ponto de dar na África. Em cheio mesmo, atingiram as costas de Índia, Sri Lanka, Indonésia, Myanmar e Tailândia. E tiveram um efeito devastador. A edição do Guardian saiu com 11 mil mortos, mas alerta que a conta final será muito maior. O The New York Times fala em 13 mil mortos. Globo (gratuito, pede cadastro) preferiu ficar no meio e deu 12 mil mortos. Esse também foi o número que apareceu na manchete de O Estado de S. Paulo (só para assinantes). O tamanho da destruição é proporcional à força do terremoto. Chegou a 8.9 na escala Richter, desempenho que o coloca entre o 5º maior ocorrido desde 1900 – quando começou-se a medir a intensidade de tremores – e o mais violento desde 1964. O Le Figaro (gratuito) tem reportagem sobre as favelas de palafitas de madras, na India, completamente achatadas pelos vagalhões. Mas o terremoto foi democrático. Destruiu para tudo quanto é lado. No Sri lanka, as áreas de turismo, cheias de europeus e americanos, tiveram a pior sorte. O Indian Express conta em ótima reportagem (em inglês) que no início do tsunami, marcado por acentuada e rápida baixa de maré, as pessoas ficaram curiosas e acorreram à costa para ver o que estava acontecendo. Isso só piorou as coisas, deixando mais gente vulnerável às ondas. Não há país no Índico que treine sua população a enfrentar tsunamis, apesar de o fenômeno não ser infrequente na região. É o que mostra reportagem do Financial Times (área gratuita). Seria pedir demais. O texto informa que não existe nem um programa de monitoramento sísmico naquela parte da Ásia. Se houvesse, embora fosse impossível se determinar a intensidade, saberia-se que um terremoto submarino iria acontecer. Como isso sempre causa ondas gigantes, daria para pelo menos ter evacuado muita gente das zonas costeiras.

Por Manoel Francisco Brito
27 de dezembro de 2004

Aviso

O tsunami na Ásia é um bom momento para “pescar” reportagem que saiu no Guardian (gratuito) no dia 16 de dezembro. Ela relata sobre a intenção da estatal de petróleo peruana de construir um terminal de gás na cidade costeira de Pisco. Nenhum grande problema ambiental com isso – Pisco já é uma cidade degradada – a não ser pelo fato que a área onde ela se encontra é a principal candidata no globo terrestre a receber um tsunami pela frente. Quem avisa é a história. Pisco, desde o século XVI, quando foi fundada, encarou tsunamis devastadores em ciclos de 110 anos. Há 136 anos o fenômeno não acontece por lá. O terminal é parte da operação de extração de gás de Camisea, no interior da Amazônia, objeto de seguidos protestos e críticas de grupos ambientalistas. O gás chegará em Pisco por dutos, onde será liquefeito e exportado.

Por Manoel Francisco Brito
27 de dezembro de 2004

Fechado

Chegou-se a um acordo sobre a construção da usina de Barra Grande, em área de fronteira entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A obra, baseada em levantamento técnico omisso e falsificado, estava suspensa por decisão judicial. O acordo entre empreiteiras, ambientalistas e membros do Movimento Anti-Barragem foi feito na véspoera de natal. Pelo que está escrito, a obra vai custar bem mais cara aos seus donos. Eles terão que indenizar 200 famílias que moram na região, doar muito dinheiro ao Parque Nacional São Joaquim, criar um banco com germoplasma de 14 árvores ameaçadas de extinção, plantar 100 mil mudas de araucárias e doar ao Ibama área de mais de 5 mil hectares com vegetação semelhante a que ficará submersa. Segundo o Valor (só para assinantes) tudo isto vai encarecer a obra em 100 milhões de reais.

Por Manoel Francisco Brito
27 de dezembro de 2004

Risco nas ondas

O Globo trouxe no último domingo de dezembro reportagem sobre as ondas na orla carioca que estão fora do alcance dos surfistas. Fora em termos. Eles estão sempre tentando fazer alguma coisa para surfar nessas águas proibidas. O problema é que elas estão em área militar, o que faz o “penetra” correr um bom risco. A turma de farda os caça a metralhadora e baioneta.

Por Manoel Francisco Brito
27 de dezembro de 2004

Maus-tratos

No zôo do Rio, o que há de comum entre todos os animais é o estresse provocado pela mais absoluta falta de espaço. Tem tigre em cela de 4 metros quadrados e macaco em jaula superlotada. Há excesso de bichos dividindo o espaço do zoológico. O secretário de Meio Ambiente do Rio disse a O Globo (gratuito, pede cadastro) que a instituição sofre com o crescimento urbano no estado sobre suas áreas verdes. Os bichos acabam caindo no meio das cidades, são capturados e levados para o zôo. O aumento no número de hóspedes está levando a direção do Zôo do Rio a mandar alguns para o de Niterói, que pode ser considerado uma espécie de campo de concentração para animais. Já foi fechado pelo Ibama e suas jaulas são diminutas.

Por Manoel Francisco Brito
27 de dezembro de 2004

Doutores no mato

A UFRJ vai criar seu primeiro campus fora do Rio de Janeiro. Será instalado no Parque Nacional do Jurubatiba, um paraíso na costa Norte do Estado do Rio e abrigará o curso de biologia. A informação é de O Globo (gratuito, pede cadastro).

Por Manoel Francisco Brito
27 de dezembro de 2004

A poça

Edição de 23.12.04

23 de dezembro de 2004

O melhor de 2004

A redação olhou para os cinco meses de vida de O Eco neste final de ano e selecionou as melhores reportagens e colunas publicadas. Vale à pena ler de novo.

Por Redação ((o))eco
23 de dezembro de 2004

A vez da natureza

No iníco de outubro, decidindo sobre ação iniciada pelo Ministério Público para retirar cerca de 400 famílias que ocuparam irregularmente as margens do Rio Piabanha, em Petrópolis, Estado do Rio, o juiz Ronald Pietre decidiu que seria cruel a retirada dos invasores. Não se sensibilizou nem com os argumentos de que a medida visava protegê-los, já que moram em área de altíssimo risco. Agora foi a vez da natureza dar a sua sentença. As recentes chuvas que caíram sobre a cidade deixaram as casas construídas irregularmente debaixo d’água. Definitivamente, ela preferia que os invasores não estivessem nas margens do Piabanha.

Por Redação ((o))eco
23 de dezembro de 2004