Eldorado

O The New York Times (gratuito, pede cadastro) toca num assunto que anda passando ao largo da imprensa brasileira. Os garimpeiros remanescentes do período dourado de Serra Pelada, na década de 80, hoje vivem no cenário devastado e inundado da velha mina sonhando em encontrar um ouro que sumiu e ganhar uma ação contra o governo federal movida pela sua cooperativa. Ela acusa o governo de ter manipulado para baixo o preço do ouro que era recolhido no local e pede uma indenização de cerca de R$ 150 milhões. Em 1992, o garimpo foi proibido e a área de Serra Pelada foi declararada Reserva Histórica Nacional. Mas o Congresso, de olho no voto de quem insistia em ficar por lá reverteu a decisão e deu título de propriedade aos garimpeiros. Há uma segunda cooperativa no local e a relação entre as duas lideranças de garimpeiros é tensa. Uma empresa americana pagou recentemente US$ 240 milhões pelo direito de explorar uma área de 247 acres que pertence a alguns garimpeiros. Os gringos fizeram prospecção e juram que ainda há 250 toneladas de ouro debaixo da terra em Serra Pelada. É leitura um pouco longa. Pede mais de 5 minutos.

Por Manoel Francisco Brito
24 de agosto de 2004

Fantasma da fome

O Financial Times (área gratuita) diz que a China está diante de uma crise de abastecimento sem precedentes. Sua agricultura não consegue alimentar a população e, por essa razão, ela se tornou o maior importador de alimentos do planeta. A raiz do problema é técnica e ambiental. Os campos chineses estão sofrendo com o empobrecimento do solo, a erosão e a seca prolongada. O país revive a lembrança dos períodos de fome que assolaram a população nas décadas de 50 e 60, no século passado. Lê-se a reportagem em 2 minutos.

Por Manoel Francisco Brito
24 de agosto de 2004

Pesquisa a fogo

Começou em 16 de agosto um projeto que vai dar o que falar. Apresenta-se sob o argumento de que é preciso estudar o processo de “savanização” da área de transição entre o Cerrado e a Amazônia, devastada pelas queimadas. A savanização é o irreversível empobrecimento da biodiversidade nessa região. O Projeto Savanização consiste em realizar “grandes incêndios experimentais” em 300 hectares de floresta em Mato Grosso, para acelerar o processo de degradação ambiental e permitir que os pesquisadores avaliem o efeito do fogo sobre a fauna e a flora e estimem a resistência da floresta a futuros incêndios. Serão seis anos de “queimadas experimentais”. A floresta a ser sacrificada localiza-se na Fazenda Tanguro, propriedade de Blairo Maggi, governador de Mato Grosso e maior produtor de soja do país. A lista de parceiros do Projeto Savanização inclui o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), o Woods Hole Research Center, INPE/CPTEC, Universidade de Brasília, Universidade Federal de Mato Grosso, Yale University, Stanford University e o US Forest Service.

Por Manoel Francisco Brito
20 de agosto de 2004

Monoclimática

Uma notícia que aposta no alarme. A Agência Européia do Meio Ambiente diz que a Europa será o primeiro continente a sofrer os piores efeitos do aquecimento do planeta. Lá para 2080, por exemplo, a previsão é que ela esteja assim com um clima mais brasileiro, registra O Globo (gratuito, pede cadastro). Sem inverno, só com verão. A leitura da reportagem é rápida.

Por Manoel Francisco Brito
20 de agosto de 2004

Vitória das máquinas

O The New York Times (gratuito, pede cadastro) registra mais um capítulo de uma das mais renhidas disputas na questão do meio ambiente: se máquinas devem ou não ter acesso a áreas de preservação. Nesse momento, ela tem um ringue nobilérrimo, o Parque Nacional de Yellowstone, nos Estados Unidos. E no último round, as máquinas saíram ganhando. O Serviço Nacional de Parques decidiu ontem permitir por um prazo de 3 anos que snowmobiles, híbridos de trator e motocicleta barulhentíssimos, específicos para deslizar sobre a neve, poderão freqüentar o ecossistema de Yellowstone. Só precisam respeitar um limite de 750 snowmobiles por dia no interior do Parque. O número está arrepiando os cabelos de muitos ambientalistas. A reportagem leva 5 minutos para ser lida.

Por Manoel Francisco Brito
20 de agosto de 2004

Tempestade de jipes

O Guardian (gratuito) traz reportagem informando que as tempestades de areia originadas no deserto do Saara multiplicaram-se por dez nos últimos 50 anos. A causa, dizem pesquisadores da Universidade de Oxford, parece difícil de acreditar. Reclamam da Toyotização do Saara, termo usado para descrever o aumento desproporcional no uso de jipes como veículo numa determinada região. Hoje, no Saara, nem os nômades querem mais usar camêlos. Os animais foram substituídos por possantes 4 x 4. Os acadêmicos dizem que o peso dos jipes destruiu fina camada sobre a areia do deserto que a protegia da ação dos ventos. Qualquer brisa, atualmente, quase sempre acaba em tempestade.

Por Manoel Francisco Brito
20 de agosto de 2004

Péssima lição

Ainda é cedo para se fazer um balanço da campanha do Ministério do Meio Ambiente contra as queimadas na Amazônia. Mas ela já produziu sua primeira obra. Trata-se de um manual que ensina a por fogo no mato sem acabar com a mata. Seu conteúdo baseia-se numa capitulação. O fogo é uma praga na visão do Ibama. Mas como o governo não tem meios de acabar com sua utilização como instrumento agrícola, o ministério decidiu tentar que ele pelo menos fosse usado com cuidado. O folheto, que leva a assinatura do Ibama, pergunta: “De que lado você está?”. Na página onde o cenário é bege, as pessoas andam seminuas e descalças, as casas ardem, as árvores têm copas de fogo e o gado virou esqueleto? Ou na página onde as borboletas voam, os casais se abraçam, as pessoas pescam no rio, as crianças jogam bola, os adolescentes namoram por cima da cerca e – não vá alguém pensar que o assentamento é só de lazer – um lavrador colhe verduras na horta? Resposta do ecochato: de nenhum deles. Basta olhar as imagens com um pouquinho de implicância, para ver que, na propriedade agrícola ideal, o rio não tem mata ciliar e a selva amazônica não passa de um bosque ralo no fundo do quintal. Na paisagem tostada pelo mau lavrador as coisas são ainda piores. Por ela vagueia um homem de mãos abanando, com uma espingarda no ombro. Ou seja: o incêndio, além de tudo, arruinou-lhe a caçada. Desde quando isso é coisa que se ensine numa cartilha do Ibama?

Por Manoel Francisco Brito
20 de agosto de 2004

Natura

A Natura, empresa brasileira de cosméticos e perfumaria que, recentemente abriu seu capital, vai descobrindo que a necessidade de se comunicar com o mercado implica em um grau muito maior de discussão pública de sua estratégia empresarial. O que no seu caso significa discutir também iniciativas de desenvolvimento sustentável, projetos ambientais e parcerias sociais, e exibir no relatório anual, ao lado dos indicadores econômico-financeiros, sete páginas de indicadores de desempenho ambiental. Vale a pena? Pelo menos neste caso parece que sim. Em reunião com analistas financeiros na quarta-feira em Cajamar, o presidente Pedro Passos indicou que a imagem ecologicamente responsável da empresa ajudou a vender suas ações para investidores estrangeiros, que absorveram 70% do total de ações ofertadas.

Por Manoel Francisco Brito
19 de agosto de 2004

Crime

Moradores de prédio situado à margem de um dos mais belos cartões postais do Rio, a Lagoa Rodrigo de Freitas, andaram protocolando pedidos na Fundação de Parques e Jardins do município para que passasse a motosserra num grupo de 11 palmeiras que sobem na frente de suas janelas. Não justificaram a razão para os pedidos, mas parece óbvio que elas estavam atrapalhando a vista que alguns dos condôminos gostariam de ter da Lagoa. Todos foram negados. Uma das palmeiras, a mais alta, recentemente exibiu sinais de que estavam tentando assassiná-la despejando óleo em suas raízes. Não se tem certeza do culpado, lembra O Globo (gratuito, pede cadastro), mas todo mundo tem um grupo de suspeitos: os moradores do prédio cujas vistas as palmeiras estão “atrapalhando”.

Por Cristina Matos
18 de agosto de 2004

Perigo

As autoridades americanas, diz o The New York Times (gratuito, pede cadastro), começaram a ficar novamente preocupadas com com reatores nucleares de pesquisa que se utilizam do mesmo tipo de urânio que as armas nucleares como combustível. Há 139 reatores deste tipo espalhados pelo mundo. Um terço deles, graças a um programa iniciado há duas décadas pelos americanos, converteu seu combustível para urânio menos explosivo. Mas os outros, incluindo seis reatores que estão em universidades americanas, continuam como estavam. Teme-se que venham a virar alvo da cobiça terrorista. Em especial os que estão em centros acadêmicos, onde a segurança está longe de ser invulnerável.

Por Cristina Matos
17 de agosto de 2004