Notícias

Grandes obras de infraestrutura põem em risco a Amazônia

Painel Internacional pede moratória para empreendimentos que têm destruído e deteriorado os ecossistemas amazônicos na história recente.

Giovanny Vera ·
2 de maio de 2013 · 12 anos atrás

O Painel Internacional sobre Meio Ambiente e Energia na Amazônia, reunido na Colômbia, publicou no dia 17 de abril a Declaração de Bogotá, onde alerta sobre as ameaças à Amazônia pelas predominantes estratégias de desenvolvimento regional, lideradas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) do Brasil e pela União das Nações Sul-Americanas (Unasul).

Ambas as instituições promovem e financiam empreendimentos na região, como hidrelétricas, mineração, exploração de hidrocarbonetos e a realização de grandes obras de infraestrutura.

Como já tinha feito na Declaração de Lima em 2012, o Painel reafirmou seu pedido de moratória aos empreendimentos produtivos e extrativos, como os citados acima, que “têm destruído e deteriorado os ecossistemas amazônicos na história recente”, afirma a Declaração de Bogotá.

A declaração se focou nos megaprojetos na Amazônia, demandando que os verdadeiros impactos sejam levados em conta nas decisões, evitando a prática atual de subestimar impactos e superestimar benefícios, especialmente no setor hidrelétrico. “É necessário mudar este modelo, com decisões tomadas de forma democrática e aberta, respeitando os direitos das minorias e a natureza”, diz o pronunciamento.

A declaração do Painel apresentou considerações sobre a sustentabilidade amazônica, referentes aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e às atividades de exploração e aproveitamento de recursos que afetam negativamente a região. Sobre o Objetivo Desmatamento Zero, a perda dos bosques amazônicos é uma ameaça à região e ao mundo, portanto a organização assegura que não se pode pensar em sustentabilidade da Amazônia se não for contido o desmatamento da floresta.

Sobre o Objetivo Energia Sustentável, a declaração diz que “é impossível pensar na sustentabilidade da energia sem considerar que existem limites em sua produção e uso”. O Painel vê como necessidade prioritária o abastecimento energético das populações amazônicas, que devem se satisfazer “a partir de fontes locais de baixo ou nulo impacto ambiental”.

O grupo considera que o modo de vida dos povos indígenas está intimamente ligado à sustentabilidade amazônica, sendo os territórios indígenas parte da solução para os problemas da região.

 
  • Giovanny Vera

    Giovanny Vera é apaixonado pela área socioambiental. Especializado em geojornalismo e jornalismo de dados, relata sobre a Pan-Amazônia.

Leia também

Diálogo entre líderes globais - alinhando a ação climática e a conservação da biodiversidade. Foto: Kamran Guliyev / UN Climate Change
Notícias
21 de novembro de 2024

ONU espera ter programa de trabalho conjunto entre clima e biodiversidade até COP30

Em entrevista a ((o))eco, secretária executiva da Convenção Sobre Diversidade Biológica (CDB) da ONU fala sobre intersecção entre agendas para manter o 1,5ºC

Reportagens
21 de novembro de 2024

Livro revela como a grilagem e a ditadura militar tentaram se apoderar da Amazônia

Jornalista Claudio Angelo traz bastidores do Ministério do Meio Ambiente para atestar como a política influencia no cotidiano das florestas

Notícias
21 de novembro de 2024

MPF afirma que Pará faz propaganda “irresponsável” de ações contra queimadas

Procuradoria da República no estado apontou “discrepância entre o discurso e a prática”; procuradores pediram informações a autoridades estaduais e federais

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Comentários 2

  1. fernando leal diz:

    parabéns por seu comentário, essa é a verdadeira história por trás dos negócios na amazonia!


  2. Lauro Neto diz:

    A Amazonia pode abrigar hidrelétricas com reservatório e ao mesmo tempo defender o meio ambiente, gerar energia hidrelétrica evita geração em térmicas,(esta sim poluem), não ha comprometimento da fauna aquática com reservatório,( a implnatação deve ser feita com manejo responsavel e normas), devemos pensar em contrapartidas, quem alaga deve reflorestar área maior ainda de floresta, que anteriormente foi devastada, e devemos pensar em punir os madeirieros mafiosos que devastam a floresta, pois estes não precisam de regulação para agir fora da lei, o que tem ocorrido é que os fora da lei não são punidos…