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Não é de hoje meu envolvimento com lobos-guará. Meu primeiro contato profissional com estes fantásticos bichos foi em 1998, quando conheci o pesquisador Rogerio Cunha de Paula, na Serra da Canastra, em Minas Gerais. Na época estava produzindo um livro em parceria com ele e o Instituto Pró-Carnívoros, e durante vários dias ficamos à espreita destes tímidos animais caminhando pelo cerrado mineiro. De lá pra cá meu fascínio pela espécie só aumentou, assim como o conhecimento e experiência deste biólogo que há 15 anos dedica sua vida ao lobo-guará, não apenas ao estudo comportamental e dados ecológicos, mas todo um trabalho de educação ambiental, planos de ação para conservação em âmbito nacional, parceria com institutos de pesquisa nacionais e internacionais, genética e toda uma gama de informações essenciais para um eficaz programa de conservação da espécie e seu hábitat.
Há cerca de uma semana estou documentando uma nova campanha de captura de lobos-guará na Serra da Canastra, Nos próximos dias pretendo compartilhar um pouco do conhecimento e experiência do Rogerio e sua equipe sobre este animal tão fascinante e mostrar os mais modernos recursos e estratégias que estão sendo adotados para melhorar sua conservação.
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Assim como “lobo mau” só existe em contos de carochinha, a maioria das “áreas protegidas” no Cerrado só existe no papel, salvo exceções como o Parque Nacional da Serra da Canastra e Parque Nacional das Emas, em Goiás. Aqui na Canastra, o Parque exerce há 40 anos a primordial função de dar todas as condições para que a espécie se mantenha em condições naturais. Mas um animal não conhece as fronteiras definidas pelo homem, vive pela sobrevivência e busca alimento onde existe. Assim, não tarda para que o lobo caminhe por fazendas vizinhas ao Parque, e é justamente nestas áreas privadas onde a equipe do projeto tem dispensado maior esforço. A proposta é minimizar os conflitos existentes entre o lobo e o homem, mostrar que é possível uma convivência pacífica. Afinal, lobo-guará é um animal solitário, não oferece perigo algum, é tímido e come diversas frutas típicas do cerrado. Ou seja, comer vovozinha ou chapeuzinho vermelho, só no mundo lúdico das crianças.
Convido-lhes a nos acompanhar diariamente aqui no ((o))eco, a conhecer um pouco sobre este animal tão misterioso e solitário. A entender que é possível sim, conviver bem com eles e com toda fauna silvestre brasileira. É fundamental e mais, emergencial este aprendizado. Pelo bem das espécies e nós mesmos.
No rastro dos mamíferos que sobrevivem no Cerrado
Um pouco de piedade para a Serra e suas cavernas
Serra da Canastra: diversidade infinita
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