Fotografia

Olho no olho, com Rogerio Cunha de Paula

Pesquisador do Instituto Pró-Carnívoros se tornou conhecido entre cientistas e ambientalistas por suas fotos de natureza. Principalmente, pela forma como capta o olhar dos bichos.

Adriano Gambarini ·
27 de outubro de 2006 · 18 anos atrás

Rogerio Cunha de Paula é o legítimo biólogo de campo e fotógrafo por vocação. Paulistano, 33 anos, é especializado em vida silvestre e um dos principais conhecedores de lobo guará. Trabalha atualmente no Centro Nacional de Pesquisas para a Conservação de Predadores Naturais – CENAP/IBAMA, e é pesquisador do Instituto Pró-Carnívoros. Coordenando estudos com ecologia de carnívoros desde 1995, sempre teve na fotografia uma forma de registrar não apenas o meio ambiente e seus elementos, mas todos os momentos únicos e instantâneos que vive em seu trabalho. Para ele, o olhar de um bicho nunca se repete, a luz sobre a neve fria já não é a mesma do momento em que se olha, se admira e se clica, e a emoção decorrente de todo este convívio é a maior de todas as bençãos no mágico convívio do homem com a vida selvagem.

Seu interesse pela fotografia começou quando, ainda na universidade, trabalhava no zoológico de São Paulo. Ali, diariamente convivendo, cuidando e sentindo as mais diferentes espécies de animais, seu olhar transcendia seus conhecimentos acadêmicos e curiosidade científica, para descansar no comportamento sutil dos bichos, que o observavam às vezes assustados, estressados ou aliviados. Os animais se comunicam pelo olhar, e é isto que este biólogo sempre buscou em suas imagens.

Apesar de não viver de fotografia profissionalmente, algumas fotos suas tornaram-se bem conhecidas no meio científico ou entre as ONGs ambientais, como é o caso do retrato da onça pintada (no ensaio) e que recentemente foi usado como base para ilustrações de camisetas. Até mesmo fotógrafos profissionais ‘usaram’deste mesmo olhar posteriormente, buscando nos cativeiros a mesma maneira de enxergar um animal silvestre. Isto deixa claro que a fotografia, como expressão artistica ou até mesmo como documentação para expressar o ambiente em que vivemos, deve ser entendida como conceito e relação, e não simplesmente como forma.

  • Adriano Gambarini

    É geólogo de formação, com especialização em Espeleologia. É fotografo profissional desde 92 e autor de 14 livros fotográfico...

Leia também

Notícias
3 de maio de 2024

Eletrobras contraria plano energético e retoma projetos para erguer megausinas no Tapajós

Há oito anos, as usinas do Tapajós estão fora do Plano Decenal de Energia, devido à sua inviabilidade ambiental. Efeitos danosos são inquestionáveis, diz especialista

Reportagens
3 de maio de 2024

Obra para desafogar trânsito em Belém na COP30 vai rasgar parque municipal

Com 44 hectares, o Parque Ecológico Gunnar Vingren será cortado ao meio para obras de mobilidade. Poderes estadual e municipal não entram em acordo sobre projeto

Salada Verde
3 de maio de 2024

Governo do RJ recebe documento com recomendações para enfrentamento ao lixo no mar

Redigido pela Rede Oceano Limpo, o documento foi entregue durante cerimônia no RJ. O plano contém diretrizes para prevenir, monitorar e conter o despejo de lixo nos oceanos.

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.