Newsletter O Eco+ | Edição #123, Novembro/2022
11 de novembro de 2022
As alterações do clima já não são uma possibilidade futura. Tormentas, calor intenso, secas e enchentes estão cada vez mais fortes e comuns. Tragédias recentes apontam que os municípios margeando o Atlântico estão ainda mais sujeitos à crise climática. Quatro em cada cinco cidades no mundo já enfrentam ondas de calor e inundações. E os prejuízos não se restringem às urbes: populações rurais e tradicionais também são vítimas. A reportagem especial de Aldem Bourscheit mostra como uma cobertura precária de reservas ecológicas, a urbanização, a lenta adoção de políticas públicas ambientais e mudanças nas regras de ocupação costeira encolhem a capacidade de municípios para enfrentar a crise climática. Tais fatores somados ampliam gravemente os riscos às pessoas e à biodiversidade.
Uma autorização assinada no fim de outubro pelo presidente do ICMBio, órgão responsável pela gestão das reservas ecológicas federais, deu sinal verde para que a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Piauí (Semar/PI) licencie ao menos 6 mil hectares com soja e milho entre os parques nacionais das serras da Capivara e das Confusões. Ignorando pareceres contrários da própria autarquia e da sociedade civil, a medida permite atividades que serão fonte de desmate e fragmentação da vegetação, caça e atropelamentos, incêndios, poluição sonora e outras pressões próximas à áreas que protegem a Caatinga, bioma único e já bastante fragilizado. De novo, Aldem Bourscheit revela mais detalhes do caso.
Direto de Sharm-El-Sheik, no Egito, Cristiane Prizibisczki traz a fala do deputado Nilto Tatto (PT-SP) em uma coletiva de imprensa realizada na Conferência do Clima da ONU: “É importante dizer que além de restabelecer o papel dessas instituições, é preciso organizar as ações de comando e controle […] além de criar alternativas econômicas para as pessoas. Com isso, eu quero dizer que você não vai ter imediatamente os resultados concretos de desmatamento no primeiro ano, não vislumbro redução no primeiro ano”, disse o deputado na quarta-feira (09). Responsável pela parte ambiental do plano de governo de Lula, Tatto afirmou que os resultados da mudança na política de meio ambiente do novo governo não devem ser sentidos até 2024. Esse, aliás, também é o tema do Boletim COP 27 desta sexta. Tem acompanhado o nosso podcast especial? Durante todo o evento, diariamente, Cristiane deixa você por dentro do que acontece na Conferência.
Boa leitura!
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Não olhe para o mar
ICMBio autoriza soja entre parques nacionais no Piauí
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Palmeiras em declínio. Árvores icônicas em paisagens tropicais, palmeiras fornecem alimentos, ferramentas, remédios e materiais para milhões de pessoas em todo o mundo e desempenham papéis importantes em muitos ecossistemas. Usando novas técnicas de aprendizado de máquina, pesquisadores da Royal Botanic Gardens, Kew (Reino Unido), a Universidade de Zurique (Suíça) e a Universidade de Amsterdã (Holanda) descobriram que das 1889 espécies de palmeiras, mais da metade (56%) pode estar ameaçada de extinção. O estudo também identificou regiões de alta prioridade para a conservação de palmeiras, incluindo Bornéu, Havaí, Jamaica, Madagascar, Nova Caledônia, Nova Guiné, Filipinas, Sulawesi, Vanuatu e Vietnã. Como muitas outras espécies de plantas e animais ameaçadas, o maior risco para as palmeiras é a destruição do habitat pela expansão agrícola e urbana. [Mongabay]
Manguezais de pára-quedas. Em 2005, um ano depois do pior tsunami registrado na história ter devastado a região que circunda o Oceano Índico, pesquisadores mostraram que manguezais conferem proteção contra o mar: eles reduzem a energia das ondas, protegendo a costa de grandes danos. Também são incrivelmente eficientes no armazenamento do excesso de carbono atmosférico. Desde 2021, o consórcio de ONGs Global Mangrove Alliance publica relatório compilado a partir de imagens de satélite, com o objetivo de fornecer um registro atualizado da cobertura florestal global de manguezais. O relatório The State of the World’s Mangroves (O estado mundial dos mangues) deste ano mostra um declínio na taxa geral de perda de manguezais e descreve ações concretas para deter a perda para sempre e ajudar os manguezais a começar a recuperar terreno. Os autores enfatizam que é necessário mais trabalho, no entanto, e delineiam ações concretas para deter a perda para sempre e ajudar os manguezais a começar a recuperar o terreno. [Mongabay]