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Newsletter O Eco+ | Edição #133, Janeiro/2023
05 de fevereiro de 2023
Uma incessante demanda nacional e global por itens traficados mantém aquecidas a matança e os maus tratos de animais selvagens – onças-pintadas mortas, sobretudo na Amazônia, abastecem mercados asiáticos ilegais. Os altos lucros de indivíduos e redes criminosas dependem de dribles na fiscalização física e eletrônica, em rodovias, portos, aeroportos e correios. Diante do problema, um novo guia detalha partes de felinos americanos e meios usados por traficantes tentando se safar da fiscalização. Lançado no fim do ano passado, o material capitaneado por entidades brasileiras é inspirado em ação semelhante na Bolívia, onde é intenso o comércio ilegal de animais. Aldem Bourscheit escreve sobre o “Guia para identificação de partes de felinos”, que vem auxiliar agentes públicos, como fiscais ambientais e aduaneiros, no combate ao tráfico e outros delitos.
Na segunda semana deste mês, ao observar que a mutum-de-alagoas (Pauxi mitu) fêmea estava acomodada num balaio (ninho artificial), a gestora Rosa Souza, do Zooparque Pedro Nardelli, em Alagoas, resolveu checá-lo e ali encontrou um ovo. Até então, nenhum dos mutuns-de-alagoas nascidos em cativeiro havia sido chocado e criado pela mãe, e sim por chocadeiras elétricas. A última pessoa a ver um ninho com ovos de mutum na natureza foi o engenheiro Fernando Pinto, presidente do Instituto de Preservação da Mata Atlântica (IPMA), mantenedor do Zooparque, há 42 anos atrás. A reportagem de Carolina Lisboa revela como este raro acontecimento vem sendo celebrado como mais um marco do programa de reintrodução do mutum-de-alagoas, ave considerada extinta da natureza.
A lei nº 9.966/23, sancionada no último dia 24 de janeiro pelo governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, cria a Área de Proteção Ambiental do Médio Paraíba, sem extinguir o Refúgio de Vida Silvestre Estadual do Médio Paraíba, criado em 2016 justamente para proteger o rio Paraíba do Sul e sua biodiversidade associada. Ou seja, sobrepõe as duas unidades de conservação. Na prática e em bom entendimento juridiquês, seguem valendo as regras mais restritivas, ou seja, as do refúgio. Nos bastidores, entretanto, a confusão pode ser uma brecha perigosa e abre caminho para o próximo passo: o projeto de decreto legislativo nº 73/22, de autoria do deputado estadual André Ceciliano, que busca extinguir o refúgio sob justificativa de que as restrições de uso impostas pelo refúgio seriam um entrave para o licenciamento de empreendimentos que desejam se instalar na região. A história é complexa e cria uma confusão jurídica, mas a reportagem especial de Duda Menegassi e Marcio Isensee e Sá explica o que está havendo e como este imbróglio jurídico acena para flexibilização da proteção ambiental em um dos maiores rios do estado.
Boa leitura!
Redação ((o))eco
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· Destaques ·
Guia fortalece o combate ao tráfico global de felinos
Mutuns-de-alagoas se reproduzem de forma natural pela primeira vez em 40 anos
Um refúgio ameaçado e o destino do Paraíba do Sul em jogo
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· Conservação no Mundo ·
Desigualdade gera desmatamento. Novo estudo publicado na revista Carbon Footprints mostra que comunidades de subsistência – aquelas que vivem da floresta e levam estilos de vida sustentáveis — podem acabar provocando a perda de florestas para atender às suas necessidades básicas quando pressões externas, pobreza e a demanda por recursos naturais aumentam. O desmatamento tende a ocorrer por meio de mudanças nas práticas agrícolas para atender às demandas do mercado e intensificar a coleta de madeira para carvão para atender às crescentes necessidades de energia. O impacto das comunidades de subsistência na perda florestal não foi quantificado em sua verdadeira extensão, mas seu impacto ainda é mínimo em comparação com o da indústria, confirmam os pesquisadores. Cerca de 90% das pessoas que vivem globalmente em extrema pobreza, muitas vezes comunidades de subsistência, dependem das florestas para pelo menos parte de seus meios de subsistência, tornando-as as primeiras afetadas pela perda de florestas. [Mongabay]
Menos abelhas, menos humanos. Um novo estudo de modelagem na revista Environmental Health Perspectives estima que meio milhão de pessoas estão morrendo prematuramente todos os anos – uma estimativa “conservadora”, dizem os pesquisadores – devido ao declínio global de insetos polinizadores, consequentemente ao seu impacto na disponibilidade e preço de alimentos saudáveis, como nozes, legumes, frutas e vegetais. Pesquisas epidemiológicas robustas associaram uma maior ingestão destes tipos de alimentos à redução da mortalidade por muitas das principais doenças crônicas, como doenças cardíacas, derrame, câncer e diabetes. O estudo também afirma que várias soluções estão prontamente disponíveis: os polinizadores selvagens podem ser significativamente aumentados protegendo os sobreviventes e criando novos habitats para polinizadores, nos níveis local e nacional; reduzindo e eliminando o uso de pesticidas nocivos como os neonicotinóides, e combatendo efetivamente as mudanças climáticas. [Mongabay]
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· Animal da Semana ·
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O animal da semana é a Jaritataca!
Esta espécie prefere áreas de vegetações abertas como Cerrado, campos e Caatinga, evitando regiões de matas mais densas, porém pode utilizar matas mais fechadas como abrigo. Apresenta boa tolerância a ambientes perturbados, além de serem registradas em áreas de agroecossistemas, como cana-de-açúcar e eucalipto. 🌿
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· Dicas Culturais ·
• Pra ler •
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Conta quem viveu / escreve quem se atreve: Crônicas do meio ambiente no Brasil (2022) | Samyra Crespo
O livro traz as crônicas da vida da autora e do ambientalismo. Samyra foi protagonista e espectadora privilegiada de grandes momentos da história ambiental do Brasil e do planeta. Em estilo claro e bem humorado, liga fatos históricos com momentos do cotidiano.
• Pra ouvir •
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Rádio Novelo Apresenta | Rádio Novelo
No episódio “Trama e subtrama”, o primeiro ato conta uma história incrível: em 1986, o presidente do Brasil, José Sarney, apostou num ritual xamânico conduzido pelo cacique Raoni, e pelo pajé Sapaim, para curar o naturalista Augusto Ruschi, envenenado por um sapo amazônico, diante dos olhos do país e do mundo.