Notícias

ANA sai em defesa das matas ciliares

Em oposição a proposta de Aldo Rebelo, parecer da Agência Nacional de Águas sustenta que é preciso manter largura de 30 metros nas margens dos rios

Daniele Bragança ·
25 de abril de 2011 · 14 anos atrás
Rio Perdizes. Foto: Pedro Biondi/Flickr.

Até então calada no debate sobre as mudanças no Código Florestal, a Agência Nacional das Águas (ANA) divulgou nota técnica afirmando que do ponto de vista de recursos hídricos não há necessidade de alterações no atual Código Florestal, “notadamente no que tange a largura mínima de 30 metros” nas matas que margeiam os rios e córregos do país.

O relatório do deputado Aldo Rebelo (PC do B) originalmente pretendia reduzir de 30m a 15m faixa de proteção da mata ciliar. Mas, a pedido da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), a redução seria maior, apenas 7,5 metros de área protegida em rios de até 10m de largura.

Em entrevista por e-mail, o Gerente de Uso Sustentável da Água e do Solo da ANA, Devanir Garcia dos Santos, explicou que as Áreas de Preservação Permanente, também chamadas de mata ciliar, ajudam a reduzir a quantidade de resíduos de defensivos e da adubação que chegam ao leito dos cursos de água.

“Qualquer alteração nessa largura de 30 metros reduz a eficiência da mata ciliar, aumentando os riscos de contaminação das águas por agrotóxicos e resíduos de adubação e os de assoreamento dos córregos, que agora não tem mais a proteção adequada.”, disse.

A ANA, que disponibilizou seu parecer na internet, também afirmou que não devem ocorrer em outras áreas de preservação permanente, como as encostas e topos de morro, pois elas são consideradas zonas de recarga dos aquíferos.

“Para que as zonas de recarga cumpram seu papel de recolher a água da chuva e infiltrá-la no solo, ela precisa estar vegetada, de preferência florestada, ou então utilizada com culturas que mantenham cobertura vegetal o ano todo e tenham sistemas de conservação de solo implantado, de forma a aumentar a sua capacidade de coletar e infiltrar água de chuva. O tratamento similar seria a fiscalização passar a exigir que estas áreas estejam adequadas para o cumprimento de seu papel”, diz Santos.

Na nota técnica, a ANA propõe que “a assistência técnica precisa ser fortalecida para que o setor possa contar com técnicos capacitados em número suficiente ao atendimento de sua demanda”.

Para Devanir Garcia Santos, a extinção, nos anos 90, da Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMBRATER) – que dava suporte aos estados no aparelhamento do setor e na capacitação e financiamento dos técnicos – ajudou a piorar o quadro do setor rural no país. “Um agricultor que queira hoje recuperar suas APP ou reserva legal, terá dificuldades em conseguir o apoio técnico necessário e uma orientação adequada, fato esse que ocorre também na irrigação, na conservação de solos e outras práticas que exijam especialização”, explica.

Clique aqui para ler a nota técnica

 

Saiba Mais

Código Florestal atual 

Proposta do Aldo Rebelo 

Leia Também

Com emoção, debate do Código é retomado

Cobertura completa do Código Florestal 

  • Daniele Bragança

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

Leia também

Salada Verde
28 de março de 2025

Associação Rede Brasileira de Trilhas elege nova presidência

Nova diretoria-executiva para o biênio 2025-2027 terá como presidente Júlio Meyer, gestor de unidades de conservação estaduais do Pará

Notícias
28 de março de 2025

Entidades criticam pessoas morando e caçando em parques e outras unidades de conservação

Manifesto reuniu mais de 100 assinaturas. Reservas naturais como os Parnas Guaricana e da Serra do Itajaí também serão alvos de acordos entre autarquias federais

Notícias
28 de março de 2025

A conservação do tamanduá-mirim no Pantanal passa pela proteção ao tatu-canastra

Pesquisa inédita revela hipótese de que as tocas deixadas pelos tatus servem não apenas de abrigo, mas também de ponto de alimentação para os tamanduás

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.