Notícias

Mudança do clima acelera liberação de poluentes no Ártico

Estudo indica que aquecimento global apressa a revolatilização de poluentes orgânicos que estavam guardados pelo gelo marinho do Ártico.

Flávia Moraes ·
18 de agosto de 2011 · 13 anos atrás

Flávia Moraes

Gelo marinho visto de Svalbard. Crédito: Juan Vidal
Gelo marinho visto de Svalbard. Crédito: Juan Vidal
A Nature Climate Change publicou um estudo que indica mais um efeito negativo do aquecimento global: a liberação de compostos orgânicos causada pelo derretimento acelerado do gelo marinho na região do Ártico. O fenômeno está retornando à atmosfera esses compostos nocivos conhecidos como POPs (do inglês Persistent Organic Pollutant). “Com a aceleração do processo de degelo, os poluentes voltam a circular. Então, é claro que há certos riscos para a saúde humana e para a vida selvagem, tanto da região quanto dos continentes próximos, como a Europa e a América do Norte”, explica Jefferson Simões, glaciólogo, coordenador-geral do Instituto Nacional de Ciências e Tecnologia (INCT) da Criosfera e diretor do Centro Polar e Climático da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Esses poluentes não se degradam com a passagem do tempo e vão se acumulando no meio ambiente. É uma sorte que parte deles fique aprisionada pelo gelo. Porém, com o derretimento esse efeito benéfico está diminuindo.

O estudo explica que os POPs chegaram até o Ártico transportados de longas distâncias, pois foram emitidos por atividades industriais e pesticidas utilizados em outras regiões. “Quando se contamina a atmosfera, as regiões polares acabam sendo também afetadas, pois não estão isoladas. Na Antártica, por exemplo, já se procura saber se há resquícios de metais pesados ou compostos orgânicos provenientes de queimadas ou do uso de combustíveis fósseis”, revela Simões, que já participou de 20 expedições científicas às regiões polares.

A natureza produz poucos POPs. A maioria provém de pesticidas e químicos industriais, como solventes. Várias dessas substâncias foram banidas para evitar que seu estoque continue crescendo e contaminando o meio ambiente e os seres humanos. No entanto, esse esforço pode ser minado pelo aquecimento global.

Saiba mais
Leia o artigo da Nature Revolatilization of persistent organic pollutants in the Arctic induced by climate change

{iarelatednews articleid=”24737,24720″}

  • Flávia Moraes

    Jornalista, geógrafa e pesquisadora especializada em climatologia.

Leia também

Notícias
2 de julho de 2024

Com servidores ambientais em greve, ministra da Gestão se compromete a reabrir negociações

Categoria entrou em greve em 24 estados após fim das negociações pela reestruturação da carreira; promessa foi feita a servidores da Paraíba, durante evento em João Pessoa

Reportagens
2 de julho de 2024

Do Chuí ao Oiapoque na maior trilha do Brasil

Com mais de 2.500 quilômetros já percorridos, o francês Johann Grondin realiza sua maior aventura, literalmente, ir a pé de um extremo ao outro do Brasil

Reportagens
2 de julho de 2024

Calor extremo: como a crise climática impacta trabalhadores na América Latina

Eventos climáticos extremos e aumento das temperaturas colocam em risco saúde dos trabalhadores e demandam medidas de adaptação

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.