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Municípios do Rio são vulneráveis à mudança do clima

Angra, Paraty, Petrópolis e Teresópolis destacam-se pela elevada vulnerabilidade ambiental. Planejamento é essencial para reduzir riscos.

Daniele Bragança ·
13 de agosto de 2013 · 11 anos atrás
O Índice de Vulnerabilidade Geral (IVG) considerou os setores reconhecidamente vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas e que se relacionam, direta ou indiretamente, com a saúde da população humana.
O Índice de Vulnerabilidade Geral (IVG) considerou os setores reconhecidamente vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas e que se relacionam, direta ou indiretamente, com a saúde da população humana.

O aumento de eventos climáticos intensos decorrentes das mudanças no clima traz riscos ao estado do Rio de Janeiro, que por suas características geoambientais já convive com tragédias sazonais. Todo verão, contam-se os mortos. Com chuvas mais intensas, as tragédias também serão piores, se o Poder Público não investir em planejamento urbano. É o que aponta o estudo Mapa de vulnerabilidade da população dos municípios do Estado do Rio de Janeiro frente às mudanças climáticas, desenvolvido pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), em parceria com a Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz) e a Fiocruz Minas.

O estudo foi feito pela primeira vez em 2011 e projeta seus dados para daqui a 30 anos. O mapa foi estabelecido a partir do Índice de Vulnerabilidade Municipal (IVM) às mudanças do clima. “Este índice é resultado da agregação do Índice de Cenários Climáticos (ICC/RJ) e do Índice de Vulnerabilidade Geral (IVG), formados por componentes de saúde, ambiental e social, como, por exemplo, o número de doenças infecciosas influenciadas pelo clima, as características de cobertura vegetal e da fauna, além do acesso a trabalho, habitação e renda”, explica Martha Barata, coordenadora do estudo.

O Rio aparece como o município com a maior taxa de vulnerabilidade, seguido de Magé e Campos dos Goytacazes. Todos, com média acima de 0,50, que é a média estadual para os três indicadores que compõem o IVG.

Angra, Paraty, Petrópolis e Teresópolis são cidades com elevada vulnerabilidade ambiental.

Para a especialista, a importância do estudo se mete pela capacidade de orientar políticas públicas: “Esse estudo é um indicativo de onde se deve ter mais atenção, em termo de vulnerabilidade e mudança no clima. São os quesitos de onde se deve ter mais atenção e quais são os municípios mais vulneráveis”, explicou Martha Barata.

Um município pode ter uma baixa vulnerabilidade social, como o Rio de Janeiro, por exemplo, mas como são elevados os seus índices de vulnerabilidade da saúde e do ambiente, quando comparado com outros municípios do estado, o índice de vulnerabilidade municipal, que agrega esse três componentes (saúde, ambiental e social) joga o número para cima. Os índices são apresentados em uma escala que varia de zero (0) a um (1), quanto mais próximo do 1, maior é a vulnerabilidade deste município.

Mapas de Vulnerabilidade

Clique nos mapas para ampliar.
O Índice de Vulnerabilidade Geral (IVG) considerou os setores reconhecidamente vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas e que se relacionam, direta ou indiretamente, com a saúde da população humana.
O Índice de Vulnerabilidade Geral (IVG) considerou os setores reconhecidamente vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas e que se relacionam, direta ou indiretamente, com a saúde da população humana.

 

No Índice de Vulnerabilidade da Saúde (IVSp) foram analisados dados relativos às principais categorias de agravos que são notificados obrigatoriamente por parte do setor de saúde no Estado e que, historicamente, têm sido, em grande parte, determinados pela variabilidade do clima: as doenças infecciosas endêmicas, como a dengue, leptospirose, leishmaniose tegumentar americana e pela mortalidade de crianças menores de cinco anos por diarreia.
No Índice de Vulnerabilidade da Saúde (IVSp) foram analisados dados relativos às principais categorias de agravos que são notificados obrigatoriamente por parte do setor de saúde no Estado e que, historicamente, têm sido, em grande parte, determinados pela variabilidade do clima: as doenças infecciosas endêmicas, como a dengue, leptospirose, leishmaniose tegumentar americana e pela mortalidade de crianças menores de cinco anos por diarreia.

 

No Índice de Vulnerabilidade Social (IVSop), que utilizou como bases os dados do Censo Demográfico 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram estudadas características como estrutura familiar, educação, renda e disponibilidade de infraestrutura, a fim de identificar os municípios com menor ou maior capacidade de fornecer uma resposta social às adversidades e a possíveis impactos das mudanças do clima.
No Índice de Vulnerabilidade Social (IVSop), que utilizou como bases os dados do Censo Demográfico 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram estudadas características como estrutura familiar, educação, renda e disponibilidade de infraestrutura, a fim de identificar os municípios com menor ou maior capacidade de fornecer uma resposta social às adversidades e a possíveis impactos das mudanças do clima.

 

No Índice de Vulnerabilidade Ambiental (IVAMp) foram analisados os setores suscetíveis a mudança do clima, a exemplo da cobertura vegetal e respectiva diversidade biológica, que apresentam relação com a saúde e propiciam serviços ambientais que beneficiam a população humana, contribuindo para o seu bem-estar e, em última instância, sua saúde.
No Índice de Vulnerabilidade Ambiental (IVAMp) foram analisados os setores suscetíveis a mudança do clima, a exemplo da cobertura vegetal e respectiva diversidade biológica, que apresentam relação com a saúde e propiciam serviços ambientais que beneficiam a população humana, contribuindo para o seu bem-estar e, em última instância, sua saúde.

 

*Fonte dados de clima:
Modelo regionalizado ETA-CPTEC do Centro de Ciências do Sistema Terrestre, do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (CCST/INPE).

 

 

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Rio vulnerável à mudança do clima
Problema global, impactos locais
Guia da ONU mostra como construir cidades mais resilientes
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  • Daniele Bragança

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

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