Notícias

SOS Mata Atlântica cobra plano contra vazamento de gás e óleo

Em carta ao Ministério do Meio Ambiente, ONG cobra demora na publicação implementação das regras, que deveriam ter sido publicadas em abril.

Redação ((o))eco ·
14 de maio de 2014 · 11 anos atrás

Mancha de óleo provocada pelo vazamento no poço da Chevron na Bacia de Campos, em 2011. Foto: Divulgação
Mancha de óleo provocada pelo vazamento no poço da Chevron na Bacia de Campos, em 2011. Foto: Divulgação

Em abril venceu o prazo para o governo publicar as regras que regulamentam o Plano Nacional de Contingência para grandes vazamentos de gás e óleo. Por isso, a Fundação SOS Mata Atlântica enviou uma carta ao Ministério do Meio Ambiente cobrando uma posição referente à publicação, além de questionar as lacunas existentes no Plano Nacional.

O Plano Nacional de Contingência foi publicado em outubro do ano passado, às pressas, um dia após a realização do leilão do Campo de Libra, do pré-sal. O decreto não especifica como será definido o orçamento, nem como ele será posto em prática, além de não determinar “as estruturas disponíveis e os tipos de embarcações para operar em áreas profundas e distantes da costa, como as do pré-sal”.

Em abril de 2013, a SOS Mata Atlântica já havia cobrado informações ao governo. Dessa vez, preferiu fazê-lo publicamente, através da carta aberta, que republicamos abaixo.

Íntegra a carta enviada ao Ministério do Meio Ambiente

Exma. Ministra Izabella Teixeira,

Cumprimentando-a respeitosamente, vimos por meio desta solicitar informações sobre a publicação do plano de implementação, conforme estabelecido pelo Plano Nacional de Contingência (Decreto 8.127 de 22 de outubro) para grandes vazamentos de gás e óleo.

O Plano Nacional demorou mais de 13 anos para ser publicado. Ele havia sido previsto na lei 9.966/2000, e vinha sendo discutido entre os 17 ministérios de forma lenta, e com praticamente sem participação da sociedade civil. A Fundação SOS Mata Atlântica, através da Câmara dos Deputados, já vinha solicitando explicações desde abril de 2013, e infelizmente, nossas reivindicações nunca mereceram respostas antes da publicação do referido plano.

Lançado no dia 22 de outubro de 2013 – um dia após o polêmico leilão do pré-sal do Campo de Libra, no Rio de Janeiro – o Plano apresentado não trouxe uma visão ampla sobre o assunto e tampouco atendeu às legitimas preocupações de parcelas relevantes da sociedade civil, e até mesmo de setores produtivos como a pesca artesanal e o turismo, que dependem da boa qualidade ambiental para a execução de suas atividades econômicas.

No formato apresentado, o documento apresentou mais dúvidas do que respostas, pois não definiu questões primordiais, como os recursos disponíveis para enfrentar eventuais acidentes e vazamentos. Esperava-se que as lacunas apresentadas no Plano Nacional seriam sanadas com a publicação do Plano de implementação, previsto para o dia de hoje, e que até o momento, não se tornou público.

O Decreto 8.127 de 23 de outubro, que implementa o Plano Nacional de Contingência, determina que o Ministério do Meio Ambiente (MMA) terá de coordenar e articular ações para facilitar e ampliar a prevenção, preparação e capacitação de resposta nacional a incidentes de poluição por óleo. A lacuna permanece, e a cada vez que pensamos sobre a exploração petrolífera no Brasil a iminente preocupação surge: como o MMA irá coordenar essas ações com seu atual enfraquecimento frente às questões ambientais?

Além de não definir orçamento, o Plano também não determina como dará sua operacionalização e não especifica as estruturas disponíveis e os tipos de embarcações para operar em áreas profundas e distantes da costa, como as do pré-sal.

Mesmo com todas essas críticas, a sociedade ainda aguarda a estrutura de implementação do Plano Nacional de Contingência, que deveria ter sido publicado pelo Ministério do Meio Ambiente até dia 20 de Abril de 2014 – quando esgotou o prazo de 180 dias determinado no próprio Plano Nacional de Contingência.

As lacunas permanecem, e existem perguntas a serem respondidas. Sem isso, fica difícil acreditar que a exploração da camada de petróleo do pré-sal possa significar outra coisa, senão insegurança para o setor produtivo e para as questões ambientais. Sem responder a essas perguntas fica realmente difícil de acreditar que o atual governo esteja realmente preocupado com um projeto de Brasil, que não seja simplesmente atender aos interesses eleitoreiros.

Contamos com especial atenção deste Ministério do Meio Ambiente e elevamos nossos votos de alta estima e consideração.

Atenciosamente,
Marcia Makiko Hirota
Diretora-Executiva da Fundação SOS Mata Atlântica

 

 

Leia Também
Vazamento da Chevron no Rio pode ser dez vezes maior do que o declarado
Do tanque do navio para o mundo
Rio estuda prevenção de acidentes com petróleo

 

 

 

Leia também

Análises
23 de dezembro de 2024

Soluções baseadas em nossa natureza

Não adianta fazer yoga e não se importar com o mundo que está queimando

Notícias
20 de dezembro de 2024

COP da Desertificação avança em financiamento, mas não consegue mecanismo contra secas

Reunião não teve acordo por arcabouço global e vinculante de medidas contra secas; participação de indígenas e financiamento bilionário a 80 países vulneráveis a secas foram aprovados

Reportagens
20 de dezembro de 2024

Refinaria da Petrobras funciona há 40 dias sem licença para operação comercial

Inea diz que usina de processamento de gás natural (UPGN) no antigo Comperj ainda se encontra na fase de pré-operação, diferentemente do que anunciou a empresa

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.