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Inea ainda não tem balanço dos danos do derramamento de óleo na Baía de Guanabara

Órgão ambiental do Rio afirma estar avaliando os impactos do vazamento de duto da Transpetro ocorrido no último sábado (08), em Magé

Sabrina Rodrigues ·
12 de dezembro de 2018 · 5 anos atrás
Imagem da Baía de Guanabara logo após o vazamento do duto da Transpetro. Foto: APA de Guapimirim/Facebook.

A Transpetro encerrará, nesta quarta-feira (12), o trabalho de limpeza da praia do Ipiranga, atingida pelo derramamento de óleo ocorrido no último sábado (08), entre os limites dos municípios de Magé com Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. A empresa e o Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro (Inea) — órgão ambiental do estado — ainda não sabem informar sobre os danos ambientais e quem são os responsáveis pelo furto de petróleo de um oleoduto que desencadeou o espalhamento da substância.

O petróleo atingiu o rio Estrela, que deságua na Baía de Guanabara.

No domingo (09), a subsidiária da Petrobras reconheceu oficialmente a ocorrência do derramamento de 60 mil litros. Segundo a Transpetro, o que motivou o derramamento do óleo foi a ação de uma quadrilha que perfurou um dos dutos, provocando o acidente.

Até agora, o Inea não informou o total de área impactada pelo produto. Uma vistoria realizada pelo órgão ambiental, na segunda-feira (10), constatou que as ilhas de Paquetá e Brocoió não foram afetadas pelo espalhamento do produto. As unidades de conservação federais localizadas em Magé, como a Área de Proteção Ambiental e a Estação Ecológica de Guapimirim também não foram contaminadas. Entretanto, as áreas de manguezais às margens do Rio Estrela não tiveram a mesma sorte.

“A contaminação se concentrou no segundo maior fragmento de manguezais na Baía de Guanabara que fica localizado ali, na região da Foz do Rio Estrela, entre os municípios de Caxias e Magé”, afirma o analista ambiental Rogério Rocco, que trabalha na APA de Guapimirim.

A Transpetro divulgou o informe de conclusão das ações de contenção do óleo, porém, as áreas de manguezais atingidas apontam para danos graves a médio e longo prazos, segundo Rogério Rocco. “De danos imediatos, há vários caranguejos coletados mortos por asfixia, justamente em razão da penetração do óleo nas suas cavernas. Isso é um fator grave porque não permite a retirada do óleo que vai produzir efeito ao longo de vários anos. Já o efeito imediato é o da eliminação de caranguejos exatamente no seu período de defeso. Os caranguejos estão na sua fase de reprodução, estão ali na sua região, as suas atividades foram bastante afetadas”, explica.

Além dos danos ambientais, as regiões afetadas concentram vários currais de pesca que foram afetados pelo óleo. Então, os pescadores e catadores de caranguejos da região de Magé e Duque de Caxias foram bastante prejudicados pelo derramamento.

A Transpetro informa, em nota, que as equipes da companhia estão concentradas no recolhimento de resíduos oleosos na margem do rio Estrela e as atividades de contingência ocorrem normalmente nesta quarta, com o apoio dos órgãos de segurança.

A companhia afirma que “é vítima de ações criminosas de furto de óleo e derivados e colabora com as investigações das autoridades”.

Também por meio de nota, o Inea afirma que “estão avaliando ainda todos os danos ambientais (na flora, fauna e solo) e somente após a conclusão desse levantamento é que o órgão ambiental estadual poderá informar e estipular o valor da multa a ser aplicada”.

Foto: APA de Guapimirim/Facebook.

 

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  • Sabrina Rodrigues

    Repórter especializada na cobertura diária de política ambiental. Escreveu para o site ((o)) eco de 2015 a 2020.

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