No começo desta década, as queimadas que marcaram a substituição de largas áreas de Floresta Amazônica por soja na região do Araguaia, no nordeste do Mato Grosso, foram registradas pelo novo levantamento do Projeto Panamazônia II, do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (INPE). A metodologia que permite o levantamento, a cargo da Divisão de Sensoriamento Remoto do órgão, foi divulgada na semana passada e permite visualizar onde e em que meses as principais queimadas aconteceram no estado durante o período de seca de 2010.
A região do Araguaia, no nordeste do estado, fica em destaque como a mais afetada, conforme é possível observar em vermelho no mapa abaixo.
A área do entorno do Rio Araguaia é vizinha ao Parque Nacional do Araguaia, e tem fauna e flora bastante particular, com trechos de transição entre Cerrado e Amazônia. É marcada por planícies e cortada por rios e riachos, o que favoreceu a expansão da soja nos últimos anos. O estudo permite identificar onde foi utilizado fogo para acabar com a vegetação e abrir espaço para novos plantios.
Em vez de árvores, soja na região do Araguaia, na Amazônia matogrossense Foto: Daniel Santini
O mapa foi reproduzido da página do Inpe (clique aqui para acessar o sistema e consultar este e outros recortes possíveis de se fazer com a ferramenta). O Mato Grosso é uma das principais áreas piloto do Projeto PanAmazônia II e por isso foi escolhido para a primeira análise de queimadas baseada no registro de emissão de gases por satélites. O instituto tem planos ampliar o monitoramento de queimadas para toda a Amazônia e, no futuro, para toda a América do Sul.
O uso de satélites para monitorar o desmatamento na Amazônia tem sido importante para frear o ritmo da derrubada de florestas no país e os resultados obtidos nos últimos anos foram elogiados em estudo divulgado pela revista Science sobre o recém-lançado mapa mundial de perdas florestais ocorridas no mundo entre 2000 e 2012. Importante ressaltar que nem o artigo nem o mapeamento consideram o aumento de 28% de desmatamento divulgado este mês pelo Governo Federal. A volta do crescimento após anos de seguida redução, na visão de especialistas, está relacionada à mudança no Código Florestal e outros fatores, e pode tornar-se uma tendência se medidas de contenção não forem tomadas.
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