Um protesto atrapalhado do Greenpeace desviou a atenção da Conferência das Partes da ONU sobre o Clima (COP20). Escrito com 43 letras e um sinal de exclamação feitos em tecido amarelo, a manifestação formou a frase “Time for change! The future is renewable. Greenpeace” (“É hora de mudar. O futuro é renovável”). Até ai nada demais. Entretanto, o local escolhido foram as linhas de Nazca, geoglifos [figuras feitas no chão] de mais de 2 mil anos considerados patrimônio cultural da humanidade pela UNESCO.
Os ativistas invadiram a área na madrugada de segunda-feira, sem autorização, e formaram a imensa mensagem de letras amarelas, feita para ser vista por sobrevoo. O recado foi dirigido aos representantes dos países que estão reunidos na COP20, em busca de um rascunho do novo acordo global de redução de gases de efeito estufa.
De acordo com jornais locais, a ação pode ter provocado danos aos desenhos milenares criados pela civilização de Nazca, entre 400 e 650 a.C. O governo peruano ficou furioso. Segundo especialistas em arqueologia enviados ao local, que fica entre as cidades de Nazca e Palpa nos Pampas de Jumana, a cerca de 400 km ao sul de Lima, a região atingida pelo protesto tem cerca de 1.600 metros quadrados. O Ministério da Cultura do Peru denunciou o Greenpeace ao ministério público.
O Peru quer saber a identidade dos cerca de 12 ativistas que invadiram a área proibida e processá-los. Eles estão ameaçados de não poder deixar o país e podem pegar até 8 anos de prisão, caso condenados.
Em nota, o Greenpeace pediu desculpas:
“Greenpeace pede desculpas à população do Peru pela ofensa causada por conta da nossa recente atividade no sítio arqueológico de Nazca, no Peru, na qual letras de tecido foram colocadas próximas ao desenho do beija-flor. Nós lamentamos profundamente o ocorrido”.
Ainda de acordo com a nota, o Greenpeace afirma que colaborará com as investigações e anuncia a vinda do diretor-executivo do Greenpeace Internacional, Kumi Naidoo, que pedirá desculpas pessoalmente ao governo peruano.
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