![](https://i0.wp.com/www.oeco.org.br/wp-content/uploads/2013/03/oitavo-peixe-boi.jpg?resize=640%2C426&ssl=1)
Entre janeiro e junho, ocorre a maioria dos nascimentos de filhotes da espécie. Não é por acaso que durante o primeiro semestre é realizado também o maior número de resgates. Os bebês precisam subir à superfície para respirar com mais frequência do que os adultos. Com os focinhos para fora da água, podem ser vistos com maior facilidade. A presença deles denuncia aos caçadores a existência de uma fêmea por perto.”Por isso, aparece tanto filhote, porque matam a mãe e o filhote fica vulnerável”, afirma Stella Maris Lazzarini, veterinária e coordenadora do Centro de Preservação e Pesquisa de Mamíferos Aquáticos da Amazonas Energia (CPPMA). Quando têm sorte, estes filhotes são resgatados e levados aos tanques de instituições de pesquisa. “Manter os bichos em cativeiro é outra maldade”, diz Stella.
Ela destaca que já se conhece o suficiente para reproduzir o bicho em cativeiro, mas não é essa a salvação do animal. É preciso protegê-lo e garantir que ele continue a se reproduzir na natureza. Entretanto, hoje, os rios da floresta não são um lugar seguro para eles. De acordo com a coordenadora do Centro, denúncias indicam a matança de peixes-boi nos municípios de Iranduba, Autazes e Urucará.
A situação levou Stella Maris a distribuir uma carta de apelo aos órgãos de fiscalização para coibir a caça do bicho. “Cremos, no entanto, que apenas com um incremento de ações de fiscalização com ênfase nas áreas críticas e, sobretudo, com a proibição do uso do arpão possamos reverter a tendência ao extermínio do peixe-boi-da-amazônia”, diz no texto. O Ibama chegou a ir atrás dos supostos caçadores de Urucará, mas sem resultados.
Se nos rios os peixes-bois são perseguidos, o cativeiro não é um paraíso. Desde 1973, o Laboratório de Mamíferos Aquáticos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (LMA/Inpa) registrou o resgate ou nascimento em cativeiro de 199 peixes-bois-da-amazônia. No total, pouco mais de 100 sobrevivem ainda presos.
O ideal seria devolvê-los ao seu meio, mas as tentativas de libertar peixes-bois-da-amazônia nascidos em cativeiro não deram certo. Os animais foram caçados, morreram na natureza ou acabaram resgatados novamente.
Etapa intermediária
![](https://i0.wp.com/www.oeco.org.br/wp-content/uploads/2013/03/IMG_8574.jpg?resize=640%2C427&ssl=1)
Sete animais já nadam em um lago protegido no município de Manacapuru, entre eles Tupi, um dos mais velhos peixes-boi a serem levados ao cativeiro do Inpa. Ali, os animais vão se acostumando com as flutuações do nível do rio e com a alimentação natural, dois pontos críticos para a sobrevivência dos animais que retornam à natureza.De acordo com Jone César Fernandes da Silva, da Associação Amigos do Peixe-Boi (Ampa), o plano é preparar o filhote durante 4 anos para a soltura. “Ele já vai ter passado pelo desmame quase dois anos antes e já estaria acostumado com a alimentação natural. Além disso, teria passado um ano no semi-cativeiro”, afirma Jone César.
Outro obstáculo do programa é a falta de dinheiro. A Ampa depende principalmente do apoio da Petrobras, que está renovando o patrocínio. Só após resolver as pendências, será possível planejar a soltura dos animais. Além de mais equipamentos de rádio para monitorar os que já estão soltos (hoje, a Associação conta com um par de equipamentos), é preciso bancar o transporte dos animais e uma equipe de campo para acompanhá-los.
O semi-cativeiro também resolve o problema da superlotação dos tanques. O Tupi, por exemplo, não deve ser solto em ambiente aberto. Já está há muito tempo em cativeiro, mas um lago é um lugar mais adequado do que tanques para os bichos viverem. Além do lago em Manacapuru, a Ampa negocia um espaço para os animais em parceria com a prefeitura de Novo Airão, interessada em explorar o turismo de visitação aos peixes-bois,.
Apesar das dificuldades, Jone César está otimista. Ele cita um indício, ainda não uma prova, de que o esforço está dando resultado. Até agora, nenhum filhote resgatado veio de Manacapuru, origem de 20% em médias dos resgates do animais realizados em anos anteriores. “Passamos os últimos 12 meses, atuando em escolas de Manacapuru, com foco na educação ambiental”, diz. Além de ensinar o peixe-boi a voltar ao seu meio, isso demonstra a importância de criar nos seres humanos o respeito não apenas pelo belo animal em risco de desaparecer, mas também às leis. (reeditado às 22h20)
![](https://i0.wp.com/www.oeco.org.br/wp-content/uploads/2013/03/IMG_8614.jpg?resize=640%2C427&ssl=1)
Leia também
![](https://i0.wp.com/oeco.org.br/wp-content/uploads/2024/07/Esther.jpg?resize=600%2C400&ssl=1)
Com servidores ambientais em greve, ministra da Gestão se compromete a reabrir negociações
Categoria entrou em greve em 24 estados após fim das negociações pela reestruturação da carreira; promessa foi feita a servidores da Paraíba, durante evento em João Pessoa →
![](https://i0.wp.com/oeco.org.br/wp-content/uploads/2024/07/Johann_Chui-ao-Oiapoque_1_corte3-2.jpeg?resize=600%2C400&ssl=1)
Do Chuí ao Oiapoque na maior trilha do Brasil
Com mais de 2.500 quilômetros já percorridos, o francês Johann Grondin realiza sua maior aventura, literalmente, ir a pé de um extremo ao outro do Brasil →
![](https://i0.wp.com/oeco.org.br/wp-content/uploads/2024/07/delivery-worker_Asuncion_Paraguay-24-2048x1365-1.jpeg?resize=600%2C400&ssl=1)
Calor extremo: como a crise climática impacta trabalhadores na América Latina
Eventos climáticos extremos e aumento das temperaturas colocam em risco saúde dos trabalhadores e demandam medidas de adaptação →