A reserva de Ol Pejeta, no Quênia, protege 3 dos 5 últimos rinocerontes brancos do norte (Ceratotherium simum cottoni) no mundo. Há dois meses, os administradores iniciaram uma campanha para conseguir pagar por mais seis meses os 40 guardas que mantêm os caçadores afastados do santuário de 36,4 mil hectares, próximo de Nairóbi, capital do Quênia. Mais de 70% da estrutura da reserva é mantida através do turismo, cuja procura diminuiu drasticamente com conflitos armados na região e o surto do Ebola.
A campanha pretende arrecadar 75 mil libras esterlinas (cerca de R$340 mil) e já conseguiu 60,4 mil desde fevereiro. O símbolo da campanha é Sudão, nome do último macho da subespécie dos rinocerontes brancos do norte, que sobrevive na Ol Pejeta, junto com duas fêmeas. Os três rinocerontes brancos do norte vieram de um zoológico na República Tcheca, mas foram enviados ao Quênia como última esperança de que o clima e ecossistema local favoráveis aos rinos permitam a sua reprodução em cativeiro. Não existem mais indivíduos da subespécie dos rinos brancos do norte vivendo na natureza. Além do trio da Ol Pejeta, sobraram duas fêmeas em zoos, uma nos Estados Unidos e outra na República Tcheca.
Existe uma outra subespécie: a dos rinocerontes brancos do sul. Esta ainda é relativamente numerosa, com cerca de 20 mil indivíduos restantes.
A caça para contrabandear os chifres é a principal causa dos problemas dos rinocerontes. Os animais são mortos e têm seus chifres arrancados para abastecer o mercado negro asiático devido à crença de que são milagrosos e curam todo tipo de doença. A China e o Vietnã são os maiores compradores e o quilo do produto pode chegar a valer 60 mil dólares.
Tanto dinheiro e tanta gente disposta a morrer e matar atrás dos chifres fez os tratadores da reserva Ol Pejeta deceparem os chifres de Sudão preventivamente, para resguardá-lo dos caçadores. Além disso, Sudão vive cercado 24 horas por dia por guardas armados e é monitorado através de um rádio transmissor. Ele já superou a média de tempo de vida de um rinoceronte, que vai de 35 a 40 anos. Aos 43 anos, precisa viver, pois ele é a última chance de sobrevivência dos rinos brancos do norte.
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