O Brasil foi escolhido hoje (11) como sede da 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP 30. A decisão, já acordada anteriormente, foi oficializada em votação unânime em sessão plenária da COP 28, em Dubai. A cidade de Belém, escolhida oficialmente pelo governo desde janeiro deste ano, será o palco da primeira conferência do clima em solo brasileiro e amazônico, a ser realizada entre 10 e 21 de novembro de 2025.
Segundo a ministra do Meio Ambiente Marina Silva, que segue em Dubai para os últimos dias da conferência, a COP 30 será crucial para a meta de limitação do aquecimento global a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais. “Sabemos que a COP 30 será chave para a definição das novas NDCs”, afirmou a ministra, em referência às Contribuições Nacionalmente Determinadas – as metas climáticas de cada país –, durante a sessão que oficializou a escolha por Belém.
Também presente na atual conferência, em Dubai, o governador do Pará, Helder Barbalho, afirmou na última sexta (8) que a COP 30 deverá ser uma “oportunidade para a convocação do planeta para o cumprimento das ambições e, acima de tudo, revisitar ambições” climáticas, e que a conferência de 2025 “se apresenta fazendo uma convocação para que a floresta esteja no centro das discussões, das soluções ambientais, das urgências climáticas”, projetou.
Ainda durante a sessão, as delegações aprovaram também a realização da COP 29 na cidade de Baku, capital do Azerbaijão. A decisão foi fruto de um arranjo diplomático mais complexo, já que o leste europeu – que deveria ser sede da próxima conferência pelo revezamento adotado entre regiões – vive momentos turbulentos.
Além da guerra entre Rússia e Ucrânia, a região viu ainda a invasão de tropas do Azerbaijão ao território de Nagorno-Karabakh, disputado com a Armênia, e a fuga da população armênia do local em setembro deste ano. A escolha de Baku foi fruto de um surpreendente arranjo entre os dois países “como parte de um esforço de pacificação”, segundo o site Climainfo. O problema, porém, é que mais uma vez a conferência será realizada em um país dependente de petróleo – segundo o think tank Carbon Tracker Initiative, o setor de petróleo e gás responde por 64% da economia do país, o que faz do Azerbaijão o 9º país mais economicamente dependente de combustíveis fósseis no mundo.
Leia também
Belém é oficializada pelo governo Lula para disputar sede da COP 30
Evento pode acontecer no exato momento de consolidação da reconstrução da política ambiental brasileira. Será a primeira vez que o país sediará uma Conferência do Clima →
Na COP 28, Marina Silva defende que descarbonização comece pelos ricos
Brasil trabalha nos bastidores como mediador entre nações ricas e pobres na tentativa de consenso. País quer que IPCC cobre metas de acordo com emissões →
COP 28 inicia contagem regressiva para seu fim, ainda sem vislumbre de desfecho positivo
Países ainda não encontraram consenso mínimo sobre eliminação do uso de combustíveis fósseis, ponto principal dos debates. Próximos dias serão tensos →