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Bolsonaro pediu para que a COP do clima não acontecesse no Brasil

Presidente eleito afirmou nesta quarta que teve participação na desistência do país em sediar a Conferência das Partes da Convenção do Clima (COP 25), que será realizada em 2019

Daniele Bragança ·
28 de novembro de 2018 · 5 anos atrás
O presidente eleito Jair Bolsonaro fala à imprensa, no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), em Brasília. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil.

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, afirmou nesta quarta-feira (28) que teve participação na decisão do governo atual de desistir de fazer o país sediar a Conferência das Partes da Convenção do Clima (COP 25), que será realizada em novembro de 2019.

Em coletiva, Bolsonaro afirmou que pediu ao futuro ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que interviesse para evitar a realização do evento no Brasil. Na segunda-feira (26), o Itamaraty comunicou à secretária-executiva da Convenção, a embaixadora, Patrícia Espinosa, a decisão de abandonar a candidatura. Dois motivos foram alegados para a recusa: restrições orçamentárias e a transição do novo governo eleito, que herdaria o compromisso.

Triplo A

Na coletiva, Bolsonaro voltou a falar do Triplo A, um projeto que formaria um corredor ecológico que ligaria o Andes ao Atlântico, passando pela Amazônia. O corredor abrange uma área de quase 200 milhões de hectares, ligando terras indígenas e unidades de conservação. A ideia do Triplo A, capitaneada pela Fundação Gaia Amazonas, com sede em Bogotá, na Colômbia, jamais saiu do papel ou foi condicionada como cumprimento de metas assinadas pelo Brasil para a redução de emissões gases de efeito estufa. Mas para o presidente eleito, a ideia do corredor é uma ameaça à soberania nacional suficiente para que o país reveja sua posição no Acordo de Paris.

“Está em jogo o Triplo A neste acordo. O que que é o Triplo A? É uma grande faixa que pega do Andes à Amazônia e o Atlântico, de 136 milhões de hectares, ali ao longo da calha dos rios Solimões e Amazonas, que poderá fazer com que percamos a soberania nessa área. Então quero deixar bem claro, como futuro presidente, que se isso foi o contrapeso, nós, com toda certeza, teremos uma posição que pode contrariar muita gente, mas vai estar de acordo com o pensamento nacional”, disse. “Não quero anunciar uma ruptura dentro do Brasil”.

Novo ministro

Perguntado sobre como ficará a política ambiental, agora que o desmatamento na Amazônia aumentou, o presidente eleito interrompeu a pergunta e afirmou que nenhum país preserva o meio ambiente mais que o Brasil, mas “não pode uma política ambiental atrapalhar o desenvolvimento do Brasil”.

“Nós queremos uma política ambiental de verdade. Todos nós queremos preservar o meio ambiente, mas não dessa forma que está aí. Hoje, a economia está quase dando certo por causa do agronegócio, e eles estão sufocados por questões ambientais. É por isso a demora na escolha de um bom nome, que faça uma política de verdade voltada para o meio ambiente e voltada para os interesses nacionais”, disse.

Segundo Bolsonaro, três nomes estão sendo cotados para ocupar o ministério do Meio Ambiente. O anúncio ocorrerá na semana que vem.

 

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  • Daniele Bragança

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

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Comentários 3

  1. Flávio Zen diz:

    Excelente, até porque o evento serve apenas para o Brasil fazer um circo enquanto explode as politicas ambientais. No fundo serve apenas para alimentar a militancia de pseudoconquistas e compromissos.


  2. Henrique diz:

    Concordo. Eu pagaria pra saber o se passa na mente dele quando diz "essa polotica q ta ai" pq ele nao deve saber de nenhuma. E desde quando formar um acordo é "eaçar a soberania nacional" militar é uma desgraça mesmo. Tudo tem merda na cabeça. Ai quero ver soberania dar agua e frutos pra alimentar as pessoas quando a floresta estiver toda no chao.


  3. Paulo diz:

    " Eles estão sufocados por questões ambientais", quais senhor futuro Presidente da República!