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Brasil perdeu o equivalente a 2,5 Alemanhas de área florestal em 33 anos

Agropecuária ganhou 86 milhões de hectares desde 1985 e ocupa 31% do país. Apenas a Amazônia perdeu 47 milhões de hectares no período

Daniele Bragança ·
29 de agosto de 2019 · 5 anos atrás
Péssima condição da estrada não impede criação de fazendas com até 3 mil cabeças de gado em Vista Alegre do Cupim. Foto: Marcio Isensee e Sá.

O Brasil perdeu 89 milhões de hectares de vegetação natural entre os anos de 1985 e 2018. É como se a área de duas Alemanhas e meia de mata nativa tivessem virado pasto em apenas 33 anos. Esses números fazem parte da nova coleção de dados do MapBiomas, iniciativa que reúne universidades, empresas de tecnologias e organizações não-governamentais que mapeiam as mudanças na cobertura e no uso da terra dos biomas brasileiros.

A coleção foi divulgada nesta quinta-feira (29), durante o 4º Seminário Anual do MapBiomas – Perdas e Ganhos das Mudanças de Cobertura e Uso do Solo no Brasil e mostra um retrato de avanço expressiva da fronteira agrícola sobre a floresta.

Entre 1985 e 2018, o país perdeu 82 milhões de hectares de florestas naturais e 7 milhões de hectares de vegetação natural não florestal, como cerrados e pampas. Mais da metade do total desmatado (89 milhões de hectares ou 20 vezes o tamanho do estado do Rio de Janeiro) ocorreu na Amazônia brasileira, que perdeu 47 milhões de hectares em 34 anos.

Nesse mesmo período, a agropecuária avançou de 174 milhões de hectares para 260 milhões, um aumento de 86 milhões de hectares.

Segundo o levantamento, em 1985 as florestas naturais e a vegetação nativa representavam 77% de toda a cobertura e uso do solo no País, com mais 20% de ocupação pela agropecuária, 1% de áreas não vegetadas e 2% de água. Os dados de 2018 indicam que existem 66% de florestas naturais e vegetação nativa no território, 31% de áreas destinadas à agropecuária, 1% de áreas não vegetadas e 2% de água.

Segundo o coordenador-geral do MapBiomas, Tasso Azevedo, os dados apresentados pela plataforma de monitoramento ajudam a compreender a evolução da ocupação do território e os impactos sobre os biomas no Brasil, sendo um importante subsídio para orientar os gestores públicos no desenvolvimento e a aplicação de políticas públicas para conservação e uso sustentável dos recursos naturais.

 

 

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  • Daniele Bragança

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

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