A baleia-jubarte está se aproximando da recuperação plena no Brasil, após quase ter sido extinta pela caça indiscriminada. Isto é o que revela censo aéreo realizado pelo Projeto Baleia Jubarte, que estimou a existência de 25 mil jubartes no litoral brasileiro. Os números foram divulgados nesta terça-feira (29). O levantamento cobriu neste ano uma distância de 6,2 mil quilômetros entre a divisa do Ceará e Rio Grande do Norte, e o litoral norte de São Paulo.
De acordo com a bióloga Márcia Engel, pesquisadora associada do projeto, o censo foi realizado entre os dias 2 e 9 de agosto, picos da temporada reprodutiva das jubartes. Durante os sobrevoos, foram avistados 643 grupos de baleias-jubarte. “[Isso] nos permite obter uma ‘fotografia’ adequada da presença das jubartes no Brasil, num momento em que praticamente todas as baleias que migraram desde as áreas de alimentação nas águas subantárticas já chegaram e nenhuma ainda iniciou a migração de volta”, comenta a pesquisadora.
O levantamento abrangeu uma faixa do litoral brasileiro que vai desde a linha de costa até 500 metros de profundidade, já que as baleias preferem ficar na plataforma continental.
De acordo com o Projeto Baleia Jubarte, a avaliação dos dados que estimou a existência das 25 mil jubartes neste ano já foi processada pelos cientistas. A ((o))eco, Engel explica que o censo aguarda agora o refino e detalhamento para a publicação completa. “Houve um aumento muito expressivo – em nenhum ano desde o início das estimativas registramos tantas baleias. Podemos afirmar que a população brasileira de jubartes já está bem próxima do número que se estima ter existido no período pré-caça”, acrescenta.
Para Eduardo Camargo, diretor-geral do Projeto Baleia Jubarte, o censo aéreo permite avaliar as áreas onde as atividades humanas possuem maior potencial de interagir com a presença das baleias. “O volume e a qualidade das informações científicas geradas pelo censo, combinadas com as demais atividades de pesquisa de campo, nos permitem antever ações necessárias para assegurar que as jubartes brasileiras sejam protegidas adequadamente de novos impactos, como o emalhamento em redes e colisões com grandes embarcações, e contribuir com nosso conhecimento para formular as políticas públicas adequadas para a proteção da espécie e seu ambiente”, comenta.
Longevo e extenso
Um dos mais longevos e extenso do mundo, o censo aéreo realizado pelo Projeto Baleias Jubarte ocorre há 21 anos. Para os cientistas que atuaram no levantamento realizado neste ano, cobrir a totalidade da área reprodutiva das jubartes no Brasil permite realizar uma estimativa populacional mais precisa.
“[E também] um conhecimento melhor da distribuição das baleias, e o entendimento da reocupação das áreas extremas dessa distribuição, como Rio Grande do Norte e São Paulo, onde um número crescente de avistagens confirma a expansão do uso de nossas águas pela espécie”, conclui Leonardo Wedekin, outro biólogo responsável pela pesquisa.
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